Thursday, March 29, 2012

O RISO SOBERANO


Ao espelho do "Ceuta", como antes do "Estrela", o homem permanece à mesa. A chávena de café com um bocado de poema de Herberto. O homem espera a dama. Uns rejeitam-no, outros põem-no nas alturas. Há-de ser assim até ao fim da vida. A menos que ela venha mesmo. A revolução, pois então. Voltou a falar-se nela. O homem, no fundo, sempre acreditou. Desde os 18 anos que anda nisto, ou talvez mesmo já aos 17, no 12º, no Alberto Sampaio, quando só tinha três disciplinas e ouvia os Doors. Mas o ex-escritor incomoda-o. Tratou-o mal. Mas o homem agora é outro. Tem o rei na barriga. Os outros não sabem o quanto ele está próximo de iluminar a alma. É uma espécie de Buda. Barriga a condizer. À espera da dama. As outras damas passam, exibem-se na rua. O homem reflecte, pensa. Já quando era miúdo era assim. Mas quando era miúdo era frágil, tinha medos, inibições. Agora há dias em que é um incendiário. Pega fogo ao mundo e a si próprio. E a hora está a chegar de novo. A hora de ser rei, deus, xamã. Como Marlon Brando no "Apocalipse Now". Como Jim Morrison no "Lizard King". Como Nietzsche no "Zaratustra" e no "Ecce Homo". Não, desta vez não me apanhais, ó seres intermédios que continuais entretidos com os vossos negócios. De qualquer modo, ides todos à falência. O apocalipse está aí. A barbárie anda à solta. Começa a cheirar a carne. Começo a farejar os restos. As minhas casas, as minhas quintas. Em Braga, em Cabeceiras. Chegou a hora da vingança. Hamlet volta a ouvir o rei-pai. Aqui como na Dinamarca. Vou até ao fundo da rua. A rua é sempre a mesma. Acima, abaixo. Abaixo, acima. Entras nas caras, nas casas, nas camas. Fornicas a puta. A coisa arde, queima. Na Primavera. Na prima Vera. 27 de Março. Vai ser de novo tua. Começas a sacar as mulheres para o teu reino, ó poeta maldito. "Todas as crianças atacadas pela loucura". Reinas no Ceuta. Volta a reunir-se a Távola Redonda. Artur. Lancelote. Merlin. Agora sim, vais até ao fim. A rua é tua. A cidade é tua. Porto de abrigo. Porto rendido. Na Ordem do Terço, nas ruas da Sé, és o Che, és o Che. Balanças as ancas. Começas a pensar em ocupações. Sem lei. Fora-da-Lei. Este que vêdes está a caminho. Louco. Tão louco. Rei-profeta. Rei-poeta. Super-homem na rua de Ceuta. Odeias os engravatados, os funcionários do poder. Vens do inferno. Os autocarros passam no vidro. Rei e mendigo. OLha o perigo. Olha o poema. O poema que querias escrever. O poema de Artur, Perceval e Merlin. Aqui se cumpre. Na floresta. És um belo sacana. Esperas a dama. O jazz a roer. O Jaime ao poder. No espelho do ceuta. No espelho celta. Aqui o teu riso é soberano.

1 comment:

anareis said...

Querida amiga. Estou fazendo uma Campanha de doações pra ajudar os jovens rapazes que estão internados no Centro de Recuperação de Dependentes Químicos onde meu filho está interno também.Lá tem jovens que chegam só com a roupa do corpo,abandonados pela família. Eles precisam de tudo:roupas masculinas,calçados,sabonetes,toalhas,pasta de dentes,escovas de dentes,de um freezer, Roupas de cama,alimentos. O centro de recuperação sobrevive de doações,são mais de 300 homens internos.Eles merecem uma chance. Quem puder me ajudar pode doar qualquer quantia no Banco do Brasil agência 1257-2 Conta 32882-0