Sunday, February 26, 2012

O AMOR, A MULHER E A POESIA


Do lado da poesia, do lado do amor, do lado da mulher, eis onde tenho estado. Não sou definitivamente do económico, do útil, do cronometrado. Penso como Edgar Morin, como os surrealistas que o amor é "a nossa religião mais verdadeira". Daí que não me possa reduzir a um discurso marxista ou anarquista. Daí que tenha arriscado, que tenha partido vidros, que tenha afrontado o poder. Daí que rejeite a linguagem dos economistas.
A poesia não é apenas o acto de escrever poemas ou de os dizer, é uma forma de vida, é o gratuito, a dádiva, a generosidade, o desperdício propositado, o contrário da economia. Funde-se com o amor e com a liberdade. Por outro lado, há a mulher, "a obra mais bela da natureza", segundo Agostinho da Silva. Mesmo que ela muitas vezes se refugie no conforto e na segurança, compete ao poeta cantá-la e amá-la, compete ao poeta trazê-la para a poesia, pois ela já tem em si o amor e a loucura. E estes voltam a ser tempos de amor e de loucura.

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