Monday, January 30, 2012

O SENHOR


Atingi um ponto na minha vida em que posso chegar ao café e dizer: sou um senhor. Atravessei o inferno das grandes depressões, sofri a humilhação pública mas também já fui até aos céus do amor, da criação, da beleza.
E tenho "o sabor do café na boca", como tu dizias, Rui Soares, amigo da juventude e da adolescência, que me mostraste os caminhos da poesia. Editámos um livro juntos, "Gritos. Murmúrios" em 1988, aos 20 anos. Desde então a viagem tem sido longa. Há dias em que aparentemente nada se passa mas depois vieram os filmes do Feira Nova, do "Clube 84", do Povoaonline, do major Mota. E outros. Todo eu sou renascença. Canto louco que recomeça. Mesmo com Kant á minha mesa. Procuro o novo homem. Onde está ele? Virá ele ter comigo neste café ás moscas? Vêm, sim, amigos revoltados, a barafustar contra os Descobrimentos. Onde está o novo homem?

Saturday, January 28, 2012

CARTA À GOTUCHA

O entusiasmo. A paixão. O que faz a vida. Neste momento, aqui na confeitaria, sinto pouco, sinto pouca. O ano passado vivi com a Gotucha, por isso me sentia bem, apesar das discussões. Agora é diferente. Sinto-me só. As conversas que ouço pouco me dizem. Vão-me valendo as leituras e o que consigo passar para o papel. O mundo é triste, Gotucha, nada a fazer. Fizeram do mundo uma prisão. Espetam-nos todos os dias imagens, notícias manipuladas. É-me difícil sentir-me vivo, Gotucha. As crianças vivem, gritam. Mas e depois? Depois perdem a vida. Apetece-me gritar, Gotucha. Gritar pelo mundo, pela vida. Só com o álcool me sinto bem, Gotucha. Não é bem só com o àlcool, é com o convívio. Ainda assim a maior parte das vezes o mundo é triste, Gotucha. Há as crianças, claro. A alegria das crianças. Mais tarde perde-se. Desde ontem que estou triste, Gotucha. Rimbaud acende-me, claro, desperta-me. Mostra-me o "Natal sobre a Terra". Ainda assim eu caio. Sinto a tua falta, Gotucha.

O HOMEM


A tinta vermelha no papel. O homem aparentemente atinadinho. O homem parado ao balcão do "77" com a cerveja à frente. O mundo que temos. O mundo que não presta. Que traz cada vez mais depressões, mais suicídios. O homem só que escreve em nome da vida. O homem que brilha. A noite que cai lá fora. A melancolia insolúvel do Curtis. O homem do mundo a cair.

Thursday, January 26, 2012

TÉCNICAS DE MANIPULAÇÃO

Estratégias de manipulação

Estratégias e técnicas para a manipulação da opinião pública e da sociedade

"1- A estratégia da diversão

Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.

A estratégia da diversão é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais" (extraído de "Armas silenciosas para guerras tranquilas" )

2- Criar problemas, depois oferecer soluções

Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia do esbatimento

Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Foi deste modo que condições sócio-económicas radicalmente novas foram impostas durante os anos 1980 e 1990. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.

4- A estratégia do diferimento

Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. A seguir, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

Exemplo recente: a passagem ao Euro e a perda da soberania monetária e económica foram aceites pelos países europeus em 1994-95 para uma aplicação em 2001. Outro exemplo: os acordos multilaterais do FTAA (Free Trade Agreement of the Americas) que os EUA impuseram em 2001 aos países do continente americano ainda reticentes, concedendo uma aplicação diferida para 2005.

5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas

A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Exemplo típico: a campanha da TV francesa pela passagem ao Euro ("os dias euro"). Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante. Por que?

"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos". (cf. "Armas silenciosas para guerra tranquilas" )

6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão

Apelar ao emocional é uma técnica clássica para curtocircuitar a análise racional e, portanto, o sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...

. 7- Manter o público na ignorância e no disparate

Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.

"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores". (cf. "Armas silenciosas para guerra tranquilas" )

8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade

Encorajar o público a considerar "fixe" o facto de ser idiota, vulgar e inculto...

9- Substituir a revolta pela culpabilidade

Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo se auto-desvaloriza e auto-culpabiliza, o que engendra um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!...

10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios

No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio. Isto significa que na maioria dos casos o sistema detém um maior controle e um maior poder sobre os indivíduos do que os próprios indivíduos."

Tuesday, January 24, 2012

HANNAH ARENDT

Tanto ação, labor e trabalho estão relacionados com o conceito de “Vita Activa”. Para os antigos, a “Vita Activa” é ocupação, inquietude, desassossego. O homem, no sentido dado pelos gregos antigos, só é capaz de tornar-se homem quando se distancia da “vida activa” e se aproxima da vida reflexiva, contemplativa. É justamente nessa visão de mundo grega que os escravos não são considerados homens. O escravo ao ocupar a maior parte de seu tempo em tarefas que visam somente à sobrevivência de si e de outros, é destituído do conceito grego de homem, mas por outro lado ele não deixa de ser humano. Portanto, dentro dessa lógica só é homem aquele que tem tempo para pensar, refletir, contemplar. Nietzsche afirma em seu “Humano, desmasiado humano”que, aquele que não reserva, pelo menos, ¾ do dia para si é um escravo. A base disso encontramos em Sócrates: se é apenas para comer, dormir, fazer sexo, que o homem existe, então, ele não é homem, é um animal. Pois assim era visto o escravo: um animal. Um animal necessário para à formação de “homens”. É muito importante salientar que a escravidão da Grécia antiga é bem diferente da escravidão dos tempos modernos. Pois, na era moderna a escravidão é um meio de baratear a mão-de-obra, e assim, conseguir maior lucro. Na antiguidade a escravidão é um meio de permitir que alguns, por exemplos, os filósofos, tivessem o controle do corpo, das necessidades biológicas; a temperança. Para os gregos, a escravidão, do ponto de vista de quem se beneficia dela, - os próprios filósofos da época - salva o homem de sua própria animalidade, e não lhe prende às tarefas pragmáticas. A dignidade humana só é conquistada através da vida contemplativa, reflexiva: uma vida sem compromisso com fins pragmáticos.

A religião cristã toma emprestado a concepção de mundo grega, e vulgariza a dignidade humana. Agora qualquer indivíduo pode, e deve viver, uma vida contemplativa. Enquanto na Grécia antiga a vida contemplativa era destinada aos filósofos, no cristianismo ela é destinada a todos. Essa é única forma que o cristianismo encontra para convencer os homens a rezar.

Hannah Arendt identifica três forma dicotômicas de trabalho:

•improdutivo e produtivo
•qualificado e não qualificado
•intelectual e manual.
Como a intenção da autora é mostrar a fraqueza do pensamento de Karl Marx, ela diz que o conceito de trabalho usado por Marx, é um conceito comum de sua época: trabalho é trabalho produtivo. Segundo a autora esse conceito de trabalho produtivo, isto é, trabalho que produz objetos, matéria; eclodiu das mãos dos fisiocratas. A escolha de Marx pelo uso do termo trabalho como trabalho que produz, que gera, que cria, estava em moda na época.

Com o avanço do processo de industrialização haveria de designar algum nome para todo
aquele trabalho que não estava ligado ao trabalho industrial, daí nasceu o trabalho intelectual em contraposição ao trabalho manual. Tanto um como outro, faz uso das mãos, quando colocados em prática. O intelectual precisa das mãos para escrever seu pensamento. Nesse sentido o trabalho intelectual também é trabalho manual. É dessa forma que o trabalho intelectual é integrado dentro do conceito “trabalho” da revolução industrial. A ideologia que atravessa os tempos modernos é a seguinte: Qualquer coisa que se faça tem que ser necessariamente produtivo, tudo deve ser transformado em mercadoria, ou seja, o valor de troca tem a última palavra.

Qual é o caráter objetivo implícito do conceito “força de trabalho” em Marx? Compreende que todos tem a mesma força de trabalho, até mesmo aqueles que são fisicamente mais fracos. Assim, Marx consegue formar o conceito de “valor de troca”, tempo de trabalho necessário dispendido para produzir um objeto. Necessário para quem? Para todos. Se o tempo médio da produção de um sapato é 6 horas, todos os trabalhadores devem se adequar. Marx não explica como ele consegue calcular o tempo médio abstrato, o tempo social? Portanto, ele, pressupõe que todos devem ter a mesma força de trabalho, e desconsidera as diferenças subjetivas. É obvio que uma criança não tem a mesma força de trabalho de um adulto, nem o deficiente físico terá a mesma força, sem falar nas diferenças mais minuciosas. Em suma, Marx pensava que todos devem ter a capacidade de produzir um mesmo objeto num tanto “x” de horas. E é isso que será exigido pelos proprietários dos meios de produção.





Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/a-condicao-humana-hannah-arendtt.htm#ixzz1kPtsM2eT

Sunday, January 22, 2012

DERRAMANDO A VIDA


Elevemos o nível da conversa
falemos de psicólogos, psiquiatras
anti-depressivos, calmantes
sempre estamos a falar da vida
da tristeza e da alegria
dos efeitos do café e da coca-cola
abandonemos por momentos
a contabilidade cega
entreguemo-nos por inteiro
à ebriedade e ao excesso
aos dias em que tudo eram
portas abertas e descoberta
celebremos, pois, o dia
mesmo sem vinho
e sem a mulher bela
gozemos
a alma que se espande
deixemos
que a personalidade se desenvolva
plenamente
na folha de papel
oxalá estivéssemos sempre assim
e ´não voltássemos aos dias
em que a máquina
ainda nos influencia
nos atira para baixo
nos torna fracos
e vencidos nas conversas
oxalá estivéssemos sempre assim
confiantes
exuberantes
triunfantes
derramando a vida
assim como Nietzsche
nos queria
belos e doidos
entre as mulheres
da vida.

Sunday, January 15, 2012

APOCALIPSE OU NÃO


APOCALIPSE OU NÃO



Apocalipse. Seres humanos lutando por nacos de carne na rua, pilhagens, cidades em fogo, colapso total da civilização


Roma, o império cai. Os lobos saqueiam sem lei, destroem-se uns aos outros. O homem está só no desterro do café. A tempestade á porta. A calmaria aparente. Os outros sub-vivem. Vão-se contentando com migalhas, cada vez mais. Têm um raciocínio simples, "prático". É claro que com alguns, algumas ainda é possível manter conversas elevadas. "Os mortais a custo reconhecem o homem puro", escreveu Holderlin.


Aquele, o adolescente, a quem os deuses bons enviaram para "animar a vida dos homens e não a deixar emurchecer", ainda Holderlin. Eis o homem puro. Mesmo que cante o caos e o apocalipse está cá em nome da vida. É em nome da vida que sobe ao palco, que estuda o homem, que o representa. Em nome da vida, não em nome do útil ou da eficácia.


Até pode ser que estas palavras se percam para sempre, que o caderno se perca. Por outro lado, podem valer ouro. Não têm que fazer parte de um romance ou de um "best-seller". No entanto, o homem tem consciência de que escreve algo de original ou, pelo menos, pouco dito. O homem sabe que vai ser lido por uma pequena minoria mesmo que acredite que as suas palavras um dia chegarão a muitos mais. O homem portava-se demasiado bem na infância e na adolescência. Agora é um rebelde. Interroga-se acerca do alcance dos seus escritos. Há quem diga que já tem um grupo de seguidores. Poderia fundar uma seita.


Apocalipse. Arrependei-vos. Vem aí o juízo final. Os bancos ardem como as nações. Os bebés choram. Porque os trazeis ao mundo? Porventura quereis aperfeiçoar a espécie ou limitai-vos a reproduzir o pensamento comum? Seria diferente se quisesses aumentar o homem. Seria diferente, mulher, se lhe desses esse amor tendo em vista a construção do super-homem. Assim estarias a mudar o mundo, a combater a terra dos relógios e da troca. De contrário, encaminhas a criança para o mercado, para a competição, para a morte em vida. Mulher, tu geras a vida, tu tens nas tuas mãos a humanidade futura. Não a estragues. Não te deixes levar pelo pensamento comum, pela máquina. Aumenta o homem. Aumenta a vida. Oh, como tudo poderia ser se escutasses a liberdade e a vida...

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IDADES D' OURO


Pensar o diferente, fora do pensamento em comum. Ser o homem demoníaco, que dança sobre o abismo, o criador. Sim, ir além dos limites de si mesmo. Sentir nascer em si a estrela: Jesus, Zaratustra, o reino todo. Ir até ao além-Deus e voltar. Atravessar os desertos, percorrer mulheres de sonho, possuí-las. Ser um conquistador, um navegante por mares desconhecidos. Atravessar para o o...utro lado. Ficar lá. Iluminado. Embriagado. Extasiado. Sim, as palavras conduzem-me lá. Ao lugar sagrado. Há idades d' ouro em mim. Que importância têm o negócio e o interesse se consigo atingir as alturas? Sim, voar como um deus na confeitaria. Idades d' ouro em mim. Brilho. Não sei se terei seguidores mas brilho. Todo eu sou luz. Todo eu sou fogo. Diante do "Talho da Emília do Lúcio" transfiguro-me. Todo eu sou metamorfose, homem a construir-se, explosão. As letras dançam, ziguezagueiam, serpenteiam. Sou trapezista, estou no circo. Ouço palmas, luzes, cores. Embriago-me de sons, ruídos. Todo eu sou dança. Rodopio. Berro de felicidade. Estou lá. Estive lá. Beijei a mais bela das mulheres, a mais inacessível. Não me roubais o tesouro, ó polícias, ó guardiães da ordem estabelecida. Venci-vos em combate na confeitaria. Todo eu sou vertigem, abismo. Danço sobre o abismo com todos os meus demónios. Vede como ele está possesso, como ele está fora de si, ó seguidores. Abandonai-o. Deixai-o a pregar sozinho na praça. Ele canta o caos e o apocalipse mas também o amor, a vida vindoura. Ele é da vida. Por isso nos berra e insulta. "Custa-me deixar-te mas tu nunca me seguirias". Ouve a voz doce da única amiga. Está na Trofa, no colégio, dá-lhe a mão, namora com ela. Tudo é inocência e descoberta. Depois o rapaz desceu ao mundo, conheceu a maldade e a violência. Interrogou o mundo, quis saber as respostas, de bar em bar andou em busca. Não sabia claramente quem era nem o que queria. Foi à escola, trabalhou, mas algo lhe dizia que não tinha vindo para isso. Encontrou Morrison, Dionisos, Zaratustra, seguiu-lhes os passos, mas havia ainda algo que o prendia à terra dos relógios. Por oito anos vagueou por entre as caras. Ouvia ainda a voz da máquina e os merceeiros. Hoje deixou de ouvi-los. Eles ainda estão na praça mas o homem superou-os. Sabe que a riqueza está nas profundezas de si mesmo e no amor que o liga à mulher bela, ao belo, à beleza. Agora procura companheiros, companheiras.

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Monday, January 09, 2012

FORA DA MÁQUINA


Viver. Sonhar. Também é viver dentro de nós mesmos. Passámos pela grande depressão, pela tristeza insolúvel, pela humilhação pública. Provavelmente teríamos de atravessar a dor para chegar onde chegámos. A máquina enche-nos de medos mais e mais, atira-nos com o horror da crise e aconselha-nos a poupança. Sim, passámos essas idades de dor mas nós vivemos, somos livres, vivemos em nós e em alguns outros, criamos, dançamos, perseguimos o bem e o belo, soltamos os nossos demónios, gozamos. A máquina tenta e tenta arrastar-nos para ela mas nós vamo-nos libertando. Por isso vivemos, ao contrário da maioria, do homem pequeno, da massa cuja mente e cujo coração estão irremediavelmente perdidos.