Monday, November 22, 2010

NÃO SOU DA NÃO-VIDA


NÃO SOU DA NÃO-VIDA

O problema da existência quase não se discute nas escolas. A educação é muito instrumentalista, não se discute o sentido da vida. Os jovens são formatados para as coisas úteis, para a “vida prática”, para o trabalho. Cedo são castrados do infinito, do espírito, do despojamento. Não se questiona o porque é que estamos aqui, o que viemos fazer ao mundo. O que importa é safar-se, sacar dinheiro, progredir na vidinha. Levar uma vida entediante e repetitiva. Uma vida de medo em que nos ajoelhamos perante este ou aquele em busca do favor, do empreguinho ou do progresso na carreira. Não, não sou dessa não-vida. Acredito numa vida de criação, de aperfeiçoamento permanente. Acredito no homem que se constrói. No homem que questiona a não-vida dos mercados e da mercearia. Todos os dias há um combate na minha mente entre o mercado e a liberdade. A liberdade tem levado a melhor. Eu tenho seguido as pisadas de Morrison e de Nietzsche. Desde que ouvi as letras do Roger Waters dos Pink Floyd (“Money”, “Wellcome To The Machine”, “Another Brick In The Wall”) comecei a pôr a máquina em causa. Compreendi que não tinha de me submeter à lei do salve-se quem puder, do útil, da inveja. Não, eu queria outro caminho. O caminho da iluminação. Caí várias vezes, desci ao inferno da grande depressão. Mas agora estou aqui. A minha vida faz todo o sentido. Sou um rei na confeitaria. Não sou do número nem da conta. Sou aquele que conta. Sou dos Doors, sou dos Nirvana. Sou aquele que ama. Não amo às prestações. Caminho com Dionisos. Sou do excesso, embora nem sempre o seja. Ninguém me tira aquilo que sou. Procuro o Uno Primordial.