Monday, November 29, 2010

MANIPULAÇÃO MEDIÁTICA

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Mediática

O linguista americano Noam Chomsky elaborou a lista das "10 estratégias de manipulação" através da comunicação social:



1- A ESTRATÉGIA DA DISTRACÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes.

A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir o povo de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área das ciências, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à quinta como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado "problema-reacção-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público, a fim de que este tenha a percepção que participou nas medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público exija novas leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, durante anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários baixíssimos, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é aplicado imediatamente. Segundo, porque o público - a massa - tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá vir a ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO SE DE CRIANÇAS SE TRATASSEM

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos da debilidade mental, como se cada espectador fosse uma criança de idade reduzida ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Porquê? "Se você se dirigir a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a dar uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

6- UTILIZAR MUITO MAIS O ASPECTO EMOCIONAL DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do discurso emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e pôr fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para incutir ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de eliminar (ver 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover no público a ideia de que é moda o facto de se ser estúpido, vulgar e inculto...

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, de suas capacidades, ou do seu esforço. Assim, ao invés de revoltar-se contra o sistema económico, o indivíduo autocritica-se e culpabiliza-se, o que gera um estado depressivo, do qual um dos seus efeitosmais comuns, é a inibição da acção. E, sem acção, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No decorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado um crescente afastamento entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos sobre si próprios.

Tuesday, November 23, 2010

ANIMAL DE PALCO


ANIMAL DE PALCO

A Susana diz que sou um animal de palco. Ontem fui, de facto, um animal de palco. As pessoas vinham falar comigo espontaneamente, felicitavam-me pela minha performance. Não, não são só os meus tectos que digo bem. Há outros textos com que me identifico, com que me solto. Sou fundamentalmente um aedo mas não apenas um aedo. Só falta que me comecem a pagar regularmente por isso. Ontem estava triste, há dois dias que tinha estado entediado na aldeia mas, como a Susana disse, houve qualquer coisa que explodiu dentro de mim, levantei-me e vesti a pele do animal de palco. Aprendi com o Jim Morrison, com o Robert Plant, com o Joaquim Castro Caldas, com o Adolfo Luxúria Canibal, com o António Manuel Ribeiro. É esse em que me torno fora daqui, da confeitaria. Nem sempre o consigo ser mas ele vem, sobe ao palco. É insolente e maldito. Vive. Provoca. Desafia o tédio, os poderes, os mercados. Chama a mulher. É louco. Não tem limites. Nada tem a ver com o personagem pacato e bem-comportado que vem à confeitaria. É realmente outro. Não tem inibições, nem castrações, nem sequer tem os media espetados nos cornos. É Dionisos. Não é deste tempo e é deste tempo. Vai atrás da glória, do divino, do próprio Graal. Mas percorre a estrada do excesso em busca do palácio da sabedoria, como William Blake preconizava. Torna-se realmente noutro, talvez se torne naquele que efectivamente é, na esteira de Nietzsche. Depois abandona o palco e regressa ao cidadão aparentemente comum que lê jornais e vê TV, ao erudito que escreve e devora livros. É claro que no acto da escrita, por vezes, também se ultrapassa a si mesmo, até mesmo na leitura de determinados autores. Contudo, não se vai pôr aos berros na “Motina”, no “Piolho” ou na “Brasileira”. Nem se põe a recitar poemas em pleno café, a menos que isso estivesse previamente combinado. É evidente que nem sempre soube descer do palco, nem sempre soube despir a pele do animal de palco. Aconteceu, por exemplo, em Paredes de Coura 2006, depois duma actuação memorável com o Adolfo Luxúria Canibal e com o Isaque Ferreira. Era como se continuasse no palco, ouvia vozes, ouvia pessoas que se lhe dirigiam, pensava que estavam sempre a falar dele. Chegou a casa desfeito em lágrimas. Dias depois, estava a partir vidros em Vila do Conde. O poema “Paredes de Coura (Fodido dos Cornos)” relata-o. Eis o animal de palco- eis aquele que queres apanhar. O cabotino, feito Morrison, feito Dionisos, que dançava em tronco nu no “Clube 84” e que, por isso, foi agredido. O poeta que actuou no Campo Alegre, no Púcaros, no Pinguim, no Pátio, no Deslize, no Clube Literário. Aquele a quem chamaram infame, a quem chegaram a perguntar se seguia alguma regra. O palco, a ribalta, transformam-nos, fazem de nós outros homens, quiçá, o homem porque nos batemos, o homem que se ultrapassa, que se liberta: orgulhoso, egocêntrico, desafiante, amante, criador, vivo. O homem de que temos falado ao longo deste livro: o bailarino de Nietzsche.

A POLÍTICA E A VIDA

A POLÍTICA E A VIDA

Não podemos, de facto, separar a política da vida. A política tem de atender às flutuações do dia-a-dia, ao estar-se triste ou contente, deprimido ou eufórico. Tem de levar em conta aquilo que o homem é nas suas forças e fraquezas. Não pode ser um mero arrastar de “slogans” gastos e frases feitas. Nem sequer se pode reduzir a uma ideologia. A política só pode ter que ver com a vontade e com as profundezas do homem.

Monday, November 22, 2010

GREVE GERAL


Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP)

POR UMA FORTE GREVE GERAL NACIONAL!
PELO DERRUBE DO GOVERNO SÓCRATES!

Em consequência de uma profunda crise do sistema capitalista, os trabalhadores portugueses estão a ser sujeitos a um ataque de grandes dimensões por parte do Governo de Sócrates que, à custa de uma exploração selvática de quem vive da venda da sua força de trabalho, pretende assim salvar aquele sistema.
É neste contexto que, em resposta àquela ofensiva e contando com um vasto apoio, tanto dos operários e trabalhadores portugueses como dos seus irmãos de classe europeus, se irá realizar a greve geral nacional do próximo dia 24 de Novembro.
Mas para que se possa estabelecer uma firme e verdadeira unidade de princípio na condução vitoriosa desta greve geral, bem como de todos os movimentos contra as politicas de austeridade, é indispensável que se adopte para esta luta uma estratégia revolucionária.
Cá e no resto da Europa, forjada pelos ideólogos da classe dominante, pelo poder político e pela comunicação social, campeia uma teoria que pretende impor a despolitização da crise actual: as medidas de restrição e austeridade orçamental adoptadas pelos governos, com o apoio directo ou indirecto de todos os partidos parlamentares e do arco do poder, são apresentadas como uma resposta técnica a imperativos financeiros, e não como aquilo que efectivamente são: uma resposta política da classe dos exploradores contra os explorados. Se queres uma boa economia, aperta o cinto!
Esta teoria, que volteia o estandarte da ciência e da técnica económicas para ocultar a estratégia política da burguesia, escamoteia o facto de que os enormes défices orçamentais existentes nas contas públicas, de par com o aumento galopante e incontrolado da dívida soberana, resultam fundamentalmente dos milhares de milhões de euros que foram engolidos pelos bancos e instituições financeiras falidas durante a crise financeira internacional que explodiu em 2008.
No caso português, a explosão do défice orçamental e da dívida soberana ficou essencialmente a dever-se à nacionalização das falências da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), do Banco Português de Negócios (BPN) e do Banco Privado Português (BPP), todos eles instituições fundadas e geridas pela camarilha cavaquista.
O défice orçamental e a dívida soberana resultantes das nacionalizações das empresas fraudulentamente falidas não são da responsabilidade do povo português, nem têm que ser pagos por meio de restrições orçamentais impostas ao povo português.
O povo português deve pura e simplesmente repudiar essa dívida!
A dívida directa total do Estado alcançou já os 152 mil milhões de euros, o que dá mais de 15.000€ a cada português. Às taxas de crescimento actuais, esta dívida é absolutamente insustentável: só no primeiro trimestre do próximo ano, haverá 20 mil milhões de euros de dívida soberana para pagar. E, em 2011, só em juros, Portugal terá de pagar 6,3 mil milhões de euros, mais do que aquilo que gasta com a educação.
Os credores da dívida e os beneficiários dos juros são a Banca internacional, sobretudo alemã e francesa. A dívida é, pois, o instrumento pelo qual a União Europeia explora e oprime o povo português. O povo português está assim condenado a trabalhar até à eternidade para pagar os juros e saldar uma dívida que nunca contraiu e que todos os dias cresce exponencialmente.
É, pois, política, e não técnica, a crise que vivemos.
Para além daquela teoria reaccionária, surge uma outra teoria oportunista, defendida pelas direcções sindicais e pelos partidos de esquerda parlamentar, para os quais as medidas de austeridade impostas pelo poder constituem uma ferramenta para desmantelar o Estado social. E, de acordo com esta teoria, o papel da classe operária e dos demais trabalhadores seria o de unirem forças para salvar o Estado social.
É tão aberrante esta segunda teoria, como aberrante é a primeira. Com efeito, o chamado Estado social não é outra coisa senão uma ditadura da burguesia, como o era o chamado Estado popular, defendido pelos oportunistas nos tempos de Marx, Engels e Lenine.
A estratégia da esquerda indigente, no sentido de unir forças em defesa do Estado social só pode conduzir à derrota total do movimento operário e da revolução.
Face à profunda crise do sistema capitalista – que é a crise que estamos a viver presentemente – cumpre ao movimento operário e comunista recusar frontalmente essa ordem, assuma ela a forma do Estado social ou a teoria dos meios técnicos e científicos da economia burguesa para salvar a crise.
A ordem burguesa, posta a nu na actual crise, deve ser rejeitada e firmemente combatida!
A greve geral nacional do próximo dia 24 de Novembro deve propor-se derrubar essa ordem burguesa, derrubando desde já o governo que a corporiza – o governo do Sócrates!
É para derrubar o governo, primeiro passo no caminho do derrubamento do sistema capitalista em crise, que esta greve deve ser ferreamente organizada.
E, ao contrário do que alguns oportunistas se preparam para tentar fazer, esta greve geral não pode ficar por aqui nem levar à desmobilização geral no dia seguinte, mas antes abrir caminho à intensificação da luta dos operários e trabalhadores pelo seu objectivo político imediato, apoiando e fortalecendo os órgãos de direcção da greve que forem constituídos.

PELO REPÚDIO DA DÍVIDA PÚBLICA!
MORTE AO CAPITALISMO!
ABAIXO O GOVERNO DE SÓCRATES!
VIVA O GOVERNO DOS TRABALHADORES!

17 de Novembro de 2010
O Comité Central do PCTP/MRPP

www.pctpmrpp.org pctp@pctpmrpp.org

AFUNDEMOS O CAPITALISMO


Heróis” do mar…afundemos o capitalismo!

Irlanda conseguiu que o FMI os “ajudasse”…uma ajuda “desinteressada” sem dúvida…salvar o sistema financeiro que eles, os irlandeses tinham intervencionado um ano antes para…salvar estes mesmo bancos…onde é já vimos este filme? A resposta deve ter sido unânime…canalhas!
Os trabalhadores europeus têm mesmo de dar resposta definitiva a estes lacaios e seus salvadores, afundando-os em águas profundas, para que nos salvemos como classe de futuro.
Para podermos viver numa sociedade sem exploração e opressão, aniquilemos o capitalismo!


http://lutapopularonline.blogspot.com

CONTRA A NATO

[CAGA] A NATO passou por aqui
domingo, 21 novembro

As fontes do Rossio jorraram esta tarde litros de sangue. Sangue não era certamente, mas sim um inofensivo líquido vermelho que pretendeu simbolizar os milhões de litros de sangue que serão derramados na sequência dos agressivos planos de guerra assinados ontem em Lisboa.
A NATO passou por aqui. E assinou um novo conceito estratégico que legitíma as criminosas intervenções militares que têm ocorrido desde o fim da guerra-fria (como a invasão e declaração unilateral de guerra, no Afeganistão) e o aumento da corrida ao armamento, a militarização das nossas vidas.
O Rossio voltou a ser palco de uma acção contra as políticas da NATO, na expectativa de que os portugueses se consciencializem de que estamos, neste momento, envolvidos numa guerra, apoiada pelo governo português, e a questionarem se os maiores terroristas e criminosos de guerra não são os que estiveram nos últimos dois dias reunidos no parque das nações!

Contra A Guerra Age

vejam as imagens

http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/2919

NÃO SOU DA NÃO-VIDA


NÃO SOU DA NÃO-VIDA

O problema da existência quase não se discute nas escolas. A educação é muito instrumentalista, não se discute o sentido da vida. Os jovens são formatados para as coisas úteis, para a “vida prática”, para o trabalho. Cedo são castrados do infinito, do espírito, do despojamento. Não se questiona o porque é que estamos aqui, o que viemos fazer ao mundo. O que importa é safar-se, sacar dinheiro, progredir na vidinha. Levar uma vida entediante e repetitiva. Uma vida de medo em que nos ajoelhamos perante este ou aquele em busca do favor, do empreguinho ou do progresso na carreira. Não, não sou dessa não-vida. Acredito numa vida de criação, de aperfeiçoamento permanente. Acredito no homem que se constrói. No homem que questiona a não-vida dos mercados e da mercearia. Todos os dias há um combate na minha mente entre o mercado e a liberdade. A liberdade tem levado a melhor. Eu tenho seguido as pisadas de Morrison e de Nietzsche. Desde que ouvi as letras do Roger Waters dos Pink Floyd (“Money”, “Wellcome To The Machine”, “Another Brick In The Wall”) comecei a pôr a máquina em causa. Compreendi que não tinha de me submeter à lei do salve-se quem puder, do útil, da inveja. Não, eu queria outro caminho. O caminho da iluminação. Caí várias vezes, desci ao inferno da grande depressão. Mas agora estou aqui. A minha vida faz todo o sentido. Sou um rei na confeitaria. Não sou do número nem da conta. Sou aquele que conta. Sou dos Doors, sou dos Nirvana. Sou aquele que ama. Não amo às prestações. Caminho com Dionisos. Sou do excesso, embora nem sempre o seja. Ninguém me tira aquilo que sou. Procuro o Uno Primordial.

A BARBÁRIE E A TERNURA

A BARBÁRIE E A TERNURA

Na Grécia rebentam bombas e eu, paradoxalmente, volto a acreditar na ternura. Estamos a um passo da barbárie e eu volto a acreditar na ternura.
Sim, basta um pequeno passo. Basta que o respeito, a civilidade que ainda existe nas relações entre as pessoas deixe de existir para que a barbárie triunfe. O capitalismo do mercado e dos mercados tudo tem feito para destruir as relações fraternas e autênticas entre os homens. O meu amigo Carlos Pinto era e é um exemplo de resistência a esse estado de coisas. Porque cultivava verdadeiramente os afectos. E o afecto sincero, desprendido, vai rareando. O que sobra é algum respeito, as boas maneiras, alguma educação, no fundo, a civilização. Isto se ainda consegues ir aos sítios pagar o café e o jantar. Se não ninguém te respeita. O que é facto é que vivemos sob a ditadura de um sistema terrível, inumano, que, por si só, destrói o espírito e o coração. A lei dos mercados é absolutamente bárbara, selvática, sob a capa de uma pretensa racionalidade económica. A lei dos mercados e dos especuladores/agiotas/banqueiros determina tudo, desde as decisões dos governos e da União Europeia até ao quotidiano do cidadão comum. Perante um inimigo desta dimensão é natural que comecem a surgir actos de revolta desesperados, como os explosivos da Grécia, as montras partidas ou os carros incendiados em França. Essas formas de resistência, que nada têm a ver com o Alá da Al-Qaeda, são perfeitamente legítimas sob esta “ordem” que nos sufoca e que nos tira a vida. Não há pacto possível com o capitalismo dos mercados. É claro que alguns, como o padre Mário de Oliveira, nos falam de uma via pacífica. Há algo que nos empurra para essa via dos afectos, das mesas partilhadas, de Jesus, da filosofia enquanto fim da violência. Mas também é em nome dos afectos, da ternura entre os homens e as mulheres que resistem à contaminação do mercado e dos mercados, que dizemos que não aceitamos esse mundo, que temos de combatê-lo e destruí-lo todos os dias porque ele está a destruir as relações entre os homens e a própria vida.

Wednesday, November 17, 2010

UM PRÍNCIPE NA "BRASILEIRA"


Sinto-me um príncipe
na "Brasileira"
apesar de estar teso
as madames falam
depois do chá
o homem lê o jornal

quero escrever um poema
como outrora
não me deixar enredar
na prosa
escrever algo
que não seja banal

a Gotucha vem
de vermelho
estou na minha cidade
estou imperial.


Braga, "A Brasileira", Nov. 2010

DESOBEDIÊNCIA CIVIL CONTRA A NATO


DESOBEDIÊNCIA CIVIL CONTRA A NATO

Press Release / Convite 17 de Novembro 2010

Treino de Desobediência Civil Não Violenta em Lisboa

Local e hora: Praça do Rossio: Quinta-feira, 18 de Novembro: 16h00

Entre 19 e 21 de Novembro, a NATO vai-se reunir para discutir o seu futuro através da aprovação do seu novo conceito estratégico em Lisboa. Activistas portugueses e de outros locais da Europa estão a preparar-se para acções não violentas contra a cimeira.

As acções de desobediência civil são – tal como a contra-cimeira e a manifestação – parte duma variedade de protestos contra a cimeira da NATO. Uma parte importante dos nossos preparativos são acções de treino, onde os participantes se preparam para para as acções não violentas. Na quinta-feira, 18 de Novembro, iremos mostrar publicamente partes desses treinos de desobediência civil.

“Os participantes treinam técnicas de diminuição de tensão, ou seja, como conseguem lidar com a polícia sem causar um aumento de tensão. Isto é importante, uma vez que o nosso objectivo não é lutar com a polícia, mas resisitir e obstruir políticas injustas com os nossos corpos”,explica Andreas Speck, da War Resisters International e da rede internacional ICC, em relação ao conceito dos treinos.

Através destas acções, os activistas pretendem realçar que a NATO não é a solução, mas parte do problema. Nas palavras de Benoit Calvi, do grupo belga Bombspotting: “Graças à NATO, países europeus estão envolvidos há já 9 anos numa guerra sem saída no Afeganistão. Graças à NATO, ainda há armas nucleares na Europa, 20 anos depois do fim da Guerra Fria. E graças à NATO, a Europa está a investir num projecto de defesa de mísseis inútil.”

Nesta ocasião, vários porta-vozes irão tomar posições nas seguintes questões:
. Porque é que a cimeira da NATO não tem legitimidade e as acções de desobediência civil têm?
. Que objectivos queremos atingir com as nossas acções de desobediência civil não violenta, quer simbolica quer praticamente?
. O que é que entendemos por desobediência civil?

Contactos para a imprensa:

Toni – Contra a Guerra Age (português) - +351 914834956
Andreas Speck – War Resisters International (inglês – alemão) - +351 968504757
Benoit Calvi – Bombspotting (francês – inglês) - +351 968564342
An Maeyens – Bombspotting (holandês – inglês – espanhol) - +32 489 577 851

War Resisters International, Bombspotting e Pagan são membros do ICC No to War – No to NATO

Tuesday, November 16, 2010

A CRISE DA ESQUERDA

Manuel BaptistaNovember 13, 2010 at 12:35pm
Assunto: A crise da esquerda

Estou convicto de que a esquerda (portuguesa) ainda não se recentrou no que é essencial porque está há demasiado tempo a «lamber as feridas abertas» pela derrocada do bloco soviético, pelo desmoronar do sonho de um «sistema socialista mundial» que iria progressivamente vencendo na competição com o capitalismo. O problema com esta esquerda (maioritária) é não ter querido acordar para a realidade há vinte anos. Os marxistas leninistas, das diversas tendências, são os mais conservadores. Guardam um respeito ritualístico pelos escritos dos «clássicos marxistas», mas são incapazes de os contextualizar ao momento em que foram escritos. A esquerda não autoritária (comunismo libertário, socialismo mutualista, anarco-sindicalismo...) deixou-se enredar em querelas de «capoeira» sem qualquer interesse, mas falhou a visão essencial de que os anarquistas (e conselhistas históricos) foram capazes de atempadamente ver o drama que era o nascimento do regime soviético, o facto de que se tratava não de uma forma «deturpada de socialismo» (trotsquistas dixit), mas sim duma nova forma de capitalismo, o capitalismo de estado. Todos os outros anti-sistema capitalista têm sido pouco eficazes na mudança social, pois se posicionam numa onda «culturalista».
Outros ainda, fazem «contestação» sem revolução, muitos ecologistas, feministas, e outros «one issue struggle people» (ou seja pessoas que se mobilizam exclusivamente por uma só causa).

É de dentro da esquerda revolucionária que tem de vir a crítica revolucionária. Á martelagem dos arautos do capitalismo senescente, ela deve responder com outras formas de estar /de ser/ de agir... que desemboquem numa saída -verdadeira, não ficcionada- para as crises.

A questão fundamental então é suscitar naqueles/as que realmente podem estar objectivamente interessados na revolução (uma enorme maioria do povo) a vontade de mudança.
Essa vontade só pode vir ao de cima, se cristalizar num programa, se houver uma enorme movimentação no sentido do apoderamento ou seja a autogestão das lutas e das organizações de classe genuínas, que são os sindicatos.
É a classe trabalhadora no seu conjunto que tem de se libertar a si própria, não é de fora desta que devem surgir as propostas organizativas e de estratégia (programa) e tática (iniciativas).

Uma instância - seja ela partido, sindicato ou associação - não pode arrojar-se o exclusivo disso, não pode ser vanguardista. Se o fizer, está a cortar pela raíz a unidade de classe. Sendo assim, não tem possibilidade de contribuir positivamente para a formação de uma frente AMPLA SOCIAL E POLÍTICA.

O povo trabalhador descrê da enorme força que tem quando está unido (não acredita já famoso slogan «o povo unido jamais será vencido!») mas isso deve-se à enorme auto-destruição da confiança, por parte de uma casta, que se «monta» no dorso dos trabalhadores e autoritariamente anda a desbaratar (há decénios!) o potencial de luta, fazendo o jogo (mesmo quando inconscientemente...) da burguesia. São pessoas destituídas de senso crítico e auto-crítico, incapazes de perspectivar a sua acção na história social. Ou seja, não são adequados ao momento. Infelizmente, são esses que detêm a maioria dos cargos nos partidos e sindicatos, o que bloqueia o processo da luta social.
É este o nó que os militantes têm de desfazer:
Substituir as lideranças caducas, ao mesmo tempo que se proporciona uma nova prática, de baixo para cima, de decisão horizontal, de democracia directa (inspirando-se no conselhismo, no anarquismo, no socialismo mutualista !).

Thursday, November 11, 2010

LUCAS

Encheu de bens os famintos e aos ricos despediu-os com as mãos vazias.

Sou uma figura pública. Definitivamente, sou uma figura pública. Fazem de mim uma figura pública. Começam a ter medo, outra vez, dos anarquistas. Não tenho dinheiro mas incomodo. Nos cafés mantenho as distâncias. Mas sou mesmo o animal de palco, aquele que diz a palavra. Pouco tenho a perder. Sou louco. Vou atrás da loucura. Não me adaptei ao sistema. Não sou do sistema. Odeio o sistema. Essa é a verdade. Nada mais do que a verdade. Sou louco. Há dias, noites em que vou atrás da loucura. Nada a fazer, minha rica. Sou do aplauso. Deixo-me levar pelo aplauso. As minhas palavras começam a chegar longe. Há que prosseguir.

Wednesday, November 10, 2010

TELEJORNAL


O gerente do café explica o funcionamento do mesmo aos clientes. O primeiro-ministro
diz que ganhou a batalha da governabilidade. O governo mantém o aeroporto e a alta velocidade. O ministro das Obras Públicas discursa. o “pivot” do Telejornal é sério e usa gravata. O primeiro-ministro garante que o aumento do défice não foi descontrolo. O país janta e vê o Telejornal. O presidente da Junta anda descontrolado e bate uma punheta. O gerente do café continua a explicar o funcionamento do mesmo. O Orçamento é bom para o país. O ministro das Finanças admite que se engana. A deputada do CDS é boa…para o país. O défice dispara. As agências de rating controlam. O Bloco de Esquerda é bom para o país. Os deputados do Bloco de Esquerda são sérios mas não usam gravata. O gerente do café gosta de Coca-Cola. O governo já aguentou 100 dias. As garrafas estão expostas. O gerente arrota teses de doutoramento acerca do funcionamento do café. O primeiro-ministro é sério e usa gravata. Além disso, nunca se enerva. O primeiro-ministro é bom…para o país. O Presidente da República é sério e usa gravata. O líder do CDS também. O primeiro-ministro dá dinheiro aos bebés. O primeiro-ministro quer casar com a Carochinha. O primeiro-ministro e todos os ministros são bons…para o país. O gerente analisa agora a problemática da cerveja. O Presidente da República é sério e não bebe cerveja. O PPM quer referendar a monarquia. O PPM é sério e usa gravata. A autarca corrupta não vai a julgamento. O Obama continua a pregar. O gerente do café também. Todos os homens do poder são sérios e usam gravata. O Presidente da República é sério, honesto e usa gravata. Uma bombista suícida detonou explosivos em cima dos peregrinos. O México continua cheio de pistoleiros. O Presidente da República é sério, honesto, usa gravata e quer a estabilidade do país. O Leixões defronta o Marítimo. O gerente do café já resolveu todos os problemas da Humanidade. A brasileira alapa o cu ao balcão. O poeta escreve o que vê, o que ouve e o que lhe vem à cabeça. O Presidente da República é sério, honesto, usa gravata, quer a estabilidade do país e não apanha bebedeiras. O primeiro-ministro é bom…para o país e também não apanha bebedeiras. O ministro das Finanças é sério, honesto e usa gravata. Todos os homens públicos são bons…por natureza. A televisão promove os “Ídolos”. Os “Ídolos” são sérios, honestos, querem a estabilidade do país mas não usam gravata. O presidente da Câmara é bom…para a cidade. O TGV mantém-se, apesar do aumento da dívida pública. A sabedoria do gerente do café faz o meu cérebro dar voltas. O poeta é bom…mas também é mau, não quer a estabilidade do país, apanha bebedeiras e não usa gravata. O Pesidente da República é sério, honesto, usa gravata, quer a estabilidade do país, não apanha bebedeiras e só percebe de finanças. O ministro das Finanças é bom…para o país. O Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro das Finanças, todos os ministros, a oposição, o Orçamento, o presidente da Câmara, o presidente da Junta, o “pivot” do telejornal, o Leixões, os “Ídolos”, os pistoleiros mexicanos, a bombista suícida, os empresários dos carrosséis, o CDS, o PPM, o Bloco de Esquerda e o gerente do café são bons…para o país. A Beyoncé mostra as mamas. A Beyoncé é boa…para o país.

Tuesday, November 09, 2010

PORQUÊ?


O homem fuma à porta do Piolho. Que pensa? Até onde vai o pensamento do homem? Em que pensa o homem para lá da luta pela existência? Será que a luta pela existência se resume à luta pela sobrevivência? O que é a existência? Porque será que há coisas que estranham e depois encantam, como a escrita de Borges? Porque será que não me dedico em exclusivo ao pensamento? Porque será que não vivo disso? Porque continuo a olhar para as gajas e não as mando foder? Porque é que o bebé chora? Porque é que o homem e a mulher se mascaram tanto e eu próprio me tenho de mascarar? O que é que está para lá disto tudo? Porque é que alguns são tão limitados? Quem sou eu, que não era há 20 anos? O que é que eu sou mais? Porque é que continuo a ter medo? Porque é que sou outro quando me exponho publicamente? Que força me dá? Porque perco o medo? Porque sou, por vezes, tão agressivo? Que raiva me dá? Até onde sou capaz de ir? Porque não paro de escrever? Porque recusei a imbecilidade? Porque é que o Rocha se afastou de mim? Porque não me limito a ser como a maioria? Porque me incomodo tanto, porque sou tão sensível? Porque estou sempre a cair e a levantar-me? Sim, a diferença é que há uns anos atrás custava mais a levantar-me. Sempre aparecem umas gajas bonitas e isto não parece tão podre. Os outros levam uma vida tão ocupada e eu aqui a ouvir a conversa do casal do lado mesmo que não queira. Fala-se da imagem. Qual é a minha imagem? Sou tímido e desajeitado mas permaneço aqui. Às vezes perco a vontade mas permaneço aqui. Estou aqui melhor do que na aldeia apesar da Gotucha ter ido e de estar sozinho. Tenho tanta legitimidade de estar aqui como outro imbecil qualquer. Sempre se vêem umas gajas bonitas e ainda não vieram cá os praxistas. Escreve-se contra a morte, para matar o tempo. Nem sequer tenho que seguir um fio lógico. Estou aqui vivo. Ponto final. Não tenho que pedir autorização a ninguém para estar vivo. Vim para cá, é aqui que quero estar. Já conheci outros mundos em sonhos e delírios. Mas agora estou aqui no Piolho. Até pode ser que este texto se perca, como outros. Mas está escrito. E eu tenho estado aqui, vivo, a escrevê-lo. Outros dão pontapés na bola e têm mais seguidores. Qual é o sentido disto, daquilo e das outras coisas todas? Será que é mesmo preciso um sentido? Porque é que as gajas se exibem para nós? Porque é que agora olhas em desafio e há pouco estavas cagado de medo? Que é que te deu para te tornares outro? Porque és tão sensível aos estímulos? Qual é a magia para lá da doença? Porque é que agora duvidas do punho erguido? Porque não tens plateia hoje que precisavas realmente dela? O que é que te faz escrever tanto? Será que a literatura se mede ao metro? Porque não te safas como os outros? Porque não estás na mesma corrida? Será que a doença é uma bênção? Porque não fazes corte e costura? Porque é que, no fim de contas, te deixas levar pela onda? Que fizeste de brilhante hoje? Porque é que te centras tanto em ti próprio?

Thursday, November 04, 2010

O PÚCAROS DO CARLOS


Às 0h15, toca a sineta. «Fechou a cloaca», grita Carlos Pinto, proprietário do Púcaros, situado nas arcadas de Miragaia, em frente à Alfândega do Porto. É sempre assim que começam as noites de poesia, todas as quartas-feiras (muitas vezes, só têm início na madrugada de quinta).
O que se segue, pela noite dentro, é um desfilar de versos mais ou menos conhecidos, ditos por gente mais ou menos inspirada. A única regra é a liberdade total, a raiar a anarquia: não há tema, não há ordem definida, não há hora para acabar.

Os conflitos entre vários participantes desta tertúlia são recorrentes, mas as querelas dificilmente causam mossa. Quando é preciso, Carlos Pinto põe ordem na casa, mas sempre de forma bem humorada. «Digo tudo porque ouço tudo», explica. Há dois ou três palavrões lançados para o ar e a poesia continua.

Um dos habitués é Anthero Monteiro, que já tem várias obras de poesia publicadas. Numa mala, traz uns «cinco quilos de livros» e mais uma pasta cheia de poemas impressos. «O que faz rir é geralmente o que funciona melhor. No entanto, o poema mais dito aqui - e, provavelmente, em qualquer tertúlia poética portuguesa - deve ser o Cântico Negro, de José Régio», observa.

Quem também tem obra publicada é António Pedro Ribeiro, que apresentou no próprio Púcaros, em Maio, uma candidatura independente à presidência da República. «Quero fazer passar uma mensagem anti-mercado, contra o utilitarismo e a transformação de tudo e de todos em mercadorias», afirma. Esta incursão política não é inesperada: em 2006, o poeta escreveu Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro, uma provocação a desafiar o líder do Governo.

As noites de poesia do Púcaros cumprem 14 anos em Novembro e Carlos Pinto orgulha-se de ser o responsável pela «tertúlia poética ininterrupta mais antiga do país». A ideia inicial era «fazer uma noite dedicada aos dizeres populares, mas essa malta não é acessível», relembra.

Por isso, alargou-se o conceito à poesia e, desde então, todas as quartas-feiras, o ritual é sagrado: «Mesmo quando isto fica alagado, cumpre-se a tradição. Vamos ali para o cimo da rampa, recitamos dois ou três poemas e dizemos que nem as cheias nos hão-de calar». Numa sessão comum, a leitura é feita no meio das arcadas que dividem o bar - imaginamos que o espaço tenha sido em tempos idos um armazém de pipas de vinho do Porto. A bebida oficial é a sangria, servida nos púcaros que dão o nome à casa. Quem pedir uma bebida não alcoólica arrisca-se a ouvir uma boca do proprietário.

Muitos participantes lêem poemas de sua autoria e destas noites já resultou a colectânea Um Púcaro de Poesia, da editora Corpos. Mas esta é uma tertúlia de amadores e apaixonados pelas palavras: quem vem apenas ouvir poesia é bem-vindo, quem vem ler pela primeira vez é bem recebido.

As picardias estão reservadas aos veteranos: na noite a que assistimos criticou-se o mau gosto de deixar um poema a meio e a incapacidade dos presentes para «ir até Saturno» através da poesia. As palavras foram azedas , mas na semana seguinte estavam lá todos, amigos como dantes.

SOL