Thursday, February 25, 2010

SLAVOJ ZIZEK

Excesso de Superego – Este conceito pode ser materializado na figura do coronel Kurtz (Marlon Brando em Apocalipse Now) ou até mesmo, a meu ver, na personagem Mestre Ubu. Ambos simbolizam o pai primordial freudiano por excelência, o pai obsceno do gozo ao qual nenhuma lei simbólica opõe um limite, o Mestre absoluto que ousa confrontar-se com o Real do gozo aterrador. A sua supra-identificação com o sistema leva-o a tornar-se o excesso que o sistema, posteriormente, é obrigado a eliminar. Bin Laden, Hitler e Estaline são figuras que cabem dentro deste conceito. O que permanece fora do nosso horizonte é a perspectiva de uma acção política quebrando o círculo vicioso do sistema que engendra o excesso do seu superego, uma violência revolucionária que já não assentaria na obscenidade do superego, passada essa primeira fase de ostentação do verdadeiro bacanal da destruição, da despesa supérflua, puramente revolucionária. É este acto impossível, em que a violência revolucionária já não assentaria na obscenidade do superego, que todavia ocorre em qualquer autêntico processo revolucionário. Note-se ainda que, para Zizek, o desejo pio de privar a revolução deste excesso é simplesmente o desejo de ter uma revolução sem revolução. A grande diferença entre Lenine e Estaline consiste primeiramente na explosão da energia leninista puramente destruidora, portanto liberatória, para o cabouco estalinista e obsceno da Lei: Lenine é revolucionário e Herói, enquanto Estaline é ditador totalitário, resultado do excesso de Superego estatal que teria de ser eliminado.

No comments: