Sunday, January 31, 2010

ECCE HOMO


Filosofia. Eis o que me apetece fazer. Sem método, sem regras, sem disciplina. Tu aprendeste as regras e o método, Gotucha. Tens de os aplicar. Eu não sou assim. Sou um vadio. Na esteira de Agostinho da Silva. Já nem escrevo poemas, pelo menos poemas líricos. O patrão controla. Não gosto de patrões. Bom, há alguns que são meus amigos. Mas esses não são bem patrões. Não gosto de ver gajos ou gajas a mandar. Não sei o que seria se estivesse no poder. Talvez às vezes fosse autoritário como Fidel ou Chávez. Por isso não quero o poder. Quero apenas derrubá-lo. Por isso estou aqui. Por isso escrevo aqui nesta padaria de Vila Nova de Telha às sete da tarde. Escrevo o que vejo, o que ouço e o que vem à cabeça. Não sou daqueles que colocam a palavrinha no sítio, a palavrinha na coninha. Faço correcções e revisões às vezes. Mas são mínimas. Talvez devesse fazer mais. Mas assim não seria original. O patrão controla. Não gosto de patrões que controlam nem de gajos arrogantes. Sou um vadio. Um poeta que anda por aí. Um homem das ideias. Um homem de outros séculos neste século. Não tenho de respeitar os capitalistas nem os economistas nem os merceeiros nem os bolsistas. Ecce Homo.

As pessoas começam a cumprimentar-me mais, a ter curiosidade pelo que faço. Será da foto no jornal mas não será só isso. Sou diferente. Tenho outras preocupações que não as do cidadão comum. Quero cacau apenas para os gastos diários. É assim o artista.

Friday, January 29, 2010

HENRY MILLER, "SEXUS"


Compreendi então que encontrara a beatitude, e que a beatitude era o mundo, o estado do mundo onde reinava a criação.

MORTE

Continua a falar-se de morte. A morte vende. Estou farto da morte! Só me trazeis morte e tédio! Trazei-me a vida. Trazei-me a vida autêntica, a vida plena. Falai-me do homem livre, do homem da liberdade antiga. Falai-me de um mundo novo de experiências e de criação. Falai-me da graça e da sabedoria. Falai-me daquele que procura e que quer. Farto-me de notícias da morte! Estou farto de mortos! Está tudo morto. It's all dead. Estou farto. Dá-me a vida que corre nas tuas veias. Dá-me a vida que corre nos livros de Miller e Nietzsche. Dá-me o que eu quero. Sou da Vida, não sou da Morte. estou farto das imagens da morte! Vivo. Estou vivo.

PADEIRINHA


A "Padeirinha" mudou de gerência. Há vampiros na televisão e empregadas bonitas por todo o lado. Olha! Agora o tasco fecha às 9. Casa de respeito, dizem. Sou candidato. Devo assumir-me como tal. Continuo a ser poeta e filósofo. Continuo a ser o homem do mundo. Sou das mulheres. Dou-me às mulheres. Sabes quem eu sou? Eu sou o homem da liberdade e da vida. Sabes com quem falas? Sou o homem da Palavra. O homem que vem da noite. O homem, o poeta dito maldito, dito anarquista. São os outros que o dizem, não sou eu! Eu que visto a pele do actor, do animal de palco. Há 20 anos que sei perfeitamente onde quero chegar. Há 20 anos que tenho visões. Não tenho de falar a linguagem da economia. Não tenho de falar a linguagem da finança. Não vou discutir orçamentos nem acordos com a direita. Não sou político nem amante da finança. Não sou igual a eles. As raparigas lavam o chão e eu escrevo demais. Tenho escrito demais. Isso não agrada aos literatos. Sou um actor. É o que dizem. Vou continuar a representação.

UM HOMEM


Volto a beber
volto ao homem à mesa
amo os homens
digo-lhes isso mesmo
quero passar mensagens
às vezes sou cínico
sacana
mas dizem que sou um bom homem
um homem à mesa
em busca do estrelato

alguns amam as minhas palavras
sou eu
mais ninguém
vou abaixo
vou acima
vou a todo o lado
bebo
sou o que sou`
sentado à mesa
atiro-me às mulheres
não ligo à economia
dizem que sou até um filósofo
um homem que fala ao mundo
um homem que quer
um homem que se metamorfeia
um homem louco
que se faz às mulheres
um homem que escreve
até à loucura
um homem que insiste
um homem atrás da glória
um homem do mundo
um homem profundo
um homem no meio do tédio.

Estou farto da morte!
Quero o homem livre
quero o homem no palco
o homem que cria e que quer
o homem que dança e canta.

ESCRITORES MALDITOS NO DOLCE VITA

Autores malditos em debate no Porto
Literatura
00h30m

"A literatura: bênção ou maldição" é o tema do debate que vai reunir amanhã, às 17 horas, no Dolce Vita Porto (piso 2), cinco escritores que fazem da insubmissão e da resistência aos poderes instituídos as linhas-mestras das respectivas obras.

Ao longo de hora e meia, vão estar em análise questões como o contributo da literatura para a consciência crítica de uma nação ou de que forma devem os autores lidar com a crescente interferência do plano económico nas questões literárias.

Humberto Rocha, Raul Simões Pinto, A. Dasilva O., Virgílio Liquito e A. Pedro Ribeiro são os interveniente de um debate no qual está prevista ainda a leitura de escritos de cada um dos autores.

No local, será possível ver uma mostra com exemplares de vários títulos das Edições Mortas, editora emblemática criada e dirigida por A. Dasilva O. que privilegia desde a sua fundação textos fortemente reivindicativos e contestatários.

Artes em discussão

"A literatura:bênção ou maldição?'" está inserido no ciclo de debates "Cultura no centro", evento realizado mensalmente no Dolce Vita - nos últimos sábados de cada mês - que analisa a cada edição temas relacionados com a cultura e as artes.

Nos meses anteriores foram debatidos assuntos como o mercado para as artes plásticas em tempo de crise, a situação actual do teatro portuense ou a poesia portuguesa contemporânea.

O programa para os próximos meses inclui a discussão de temáticas como o Acordo Ortográfico, o jornalismo cultural ou os downloads ilegais.

www.jn.sapo.pt

Thursday, January 28, 2010

ACTOR


Sou um actor. É isso que dizem que sou: um actor. Escrevo os meus textos e depois digo-os em público. Sou um actor. Um actor que se candidata à Presidência da República. Que está contra o mercado e contra o capitalismo. Um actor que insiste. Que quer passar a mensagem. Que vai aos bares passar mensagens. Que é o que é e não cede. Que aparece na praça pública mesmo renegando a praça pública, mesmo sendo renegado pela praça pública. Um actor. Ser um actor. Um rei num mundo de pequenos. Uma espécie de estrela que alguns amam. A nova estrela. Que não atina com a publicidade nos cornos. Uma espécie de novo profeta. Eu sou a verdade e a luz. Eu sou o gajo que bebe cervejas no tasco da esquina. Sou o homem do livro. O leão pachorrento que não ataca. Um actor. Um "frontman". Um animal de palco. Um homem que quer furar o cerco da imprensa. Um homem no meio do caos, do motim, da pilhagem.

Tuesday, January 26, 2010

A PRAXIS ANARQUISTA






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ESPECIFISMO
A PRÁXIS ANARQUISTA DE CONSTRUIR MOVIMENTOS POPULARES E ORGANIZAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS NA AMÉRICA DO SUL
Adam Weaver

Ao redor do mundo, o envolvimento anarquista nos movimentos populares, assim como o desenvolvimento de organizações especificamente anarquistas, está em crescimento. Isso está ajudando o anarquismo a retomar sua legitimidade como uma força política dinâmica dentro dos movimentos e, neste sentido, o especifismo – um conceito originado a partir de quase cinqüenta anos de experiências anarquistas na América do Sul – está ganhando influência no mundo todo. Apesar de muitos anarquistas estarem familiarizados com várias das idéias especifistas, devemos considerá-las contribuições originais à pratica e ao pensamento anarquistas.

A primeira organização a promover o conceito do especifismo – que se tornou mais uma prática do que uma ideologia definida – foi a Federação Anarquista Uruguaia (FAU), fundada em 1956 por militantes que abraçaram a idéia de criar uma organização especificamente anarquista. Sobrevivendo à ditadura no Uruguai, a FAU reapareceu em meados dos anos 1980, para estabelecer contato e influenciar outros anarquistas revolucionários sul-americanos. O trabalho da FAU influenciou e ajudou na fundação da Federação Anarquista Gaúcha (FAG), da Federação Anarquista Cabocla (FACA), da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ), em suas respectivas regiões no Brasil, e da AUCA (Rebelde), na Argentina.

Ainda que os conceitos-chave do especifismo sejam explicados em profundidade mais a frente neste artigo, eles podem ser resumidos em três pontos sucintos:
1.A necessidade de uma organização especificamente anarquista construída em torno de uma unidade de teoria e práxis.
2.A utilização da organização especificamente anarquista para teorizar e desenvolver trabalho estratégico político e organizacional.
3.A participação ativa nos movimentos sociais populares e autônomos existentes e na construção de novos, o que é chamado de processo de “inserção social”.
UMA CURTA PERSPECTIVA HISTÓRICA
Apesar de só aparecerem no anarquismo latino-americano nas últimas décadas, as idéias inerentes ao especifismo relacionam-se com uma corrente histórica internacional do movimento anarquista. A mais famosa é a corrente plataformista, que teve início com a publicação da “Plataforma Organizacional dos Comunistas Libertários”. Esse documento foi escrito em 1926 por Nestor Makhno, antigo líder de um exército camponês, Ida Mett e outros militantes do grupo Dielo Truda (Causa Operária), que publicava uma revista de mesmo nome [Skirda 192-213]. Exilado da Revolução Russa, o grupo Dielo Truda, sediado em Paris, criticou o movimento anarquista por sua falta de organização, que havia impedido uma resposta coordenada às maquinações bolcheviques que objetivavam transformar os sovietes dos trabalhadores em instrumentos do governo de partido único. A alternativa por eles proposta foi a “União Geral de Anarquistas” baseada no comunismo anarquista, que buscaria trabalhar com “unidade teórica e tática” e daria ênfase à luta de classes e aos sindicatos de trabalhadores.

Outras idéias similares incluem o “dualismo organizacional” que é mencionado em documentos históricos do movimento anarquista italiano dos anos 1920. Os anarquistas italianos utilizaram esse termo para descrever o envolvimento dos anarquistas tanto na organização política anarquista, quanto no movimento de trabalhadores [FdCA]. Na Espanha, o grupo Amigos de Durruti surgiu para se opor ao gradual regresso da Revolução Espanha de 1936 [Guillamon]. Em “Rumo a uma Nova Revolução”, eles apresentaram algumas idéias da Plataforma, criticando o reformismo gradual e a colaboração da CNT-FAI com o governo republicano, o que, segundo seus argumentos, contribuiu para a derrota das forças antifascistas e revolucionárias. Organizações com influência no movimento anarquista chinês da década de 1910, tais como a Wuzhengfu-Gongchan Zhuyi Tongshi Che (Sociedade dos Companheiros Comunistas Anarquistas), pregavam idéias similares [Krebs]. Apesar de todas essas diferentes correntes terem características específicas, que se desenvolveram a partir dos movimentos e dos países que se originaram, todas elas compartilham uma linha comum que cruza movimentos, eras e continentes.
ESPECIFISMO ELABORADO
Os especifistas apresentam três pontos principais para sua política, com dois deles sendo em relação ao nível de organização. Ao colocar a necessidade de uma organização especificamente anarquista construída com certa unidade de idéias e práxis, os especifistas opõem-se, inerentemente, à idéia de uma organização de síntese dos revolucionários ou das múltiplas correntes dos anarquistas vagamente unidos. Eles caracterizam essa forma de organização como uma

“busca exacerbada da união necessária dos anarquistas, a ponto de a união ser promovida a qualquer custo, pelo medo de expor posições, idéias e propostas que às vezes são irreconciliáveis. Os resultados deste tipo de união são coletivos libertários sem muito mais em comum além do fato de se considerarem anarquistas.” [En La Calle].

Enquanto essas críticas eram elaboradas pelos especifistas sul-americanos, os anarquistas norte-americanos também descreveram suas experiências de organizações de síntese como organizações sem qualquer coerência por razão das tendências políticas múltiplas e contraditórias. Geralmente, o acordo básico do grupo é reduzido a uma vaga política definida pelo mínimo denominador comum, e que deixa pouco espaço para a ação coletiva ou a discussão política aprofundada entre companheiros.

Sem uma estratégia que surja de um acordo político mútuo, organizações revolucionárias estão condenadas a ser uma reação contra as contínuas manifestações de opressão e injustiça e um ciclo de ações infrutíferas a serem realizadas repetidas vezes, com pouca análise ou entendimento de suas conseqüências [Featherstone et al]. Além disso, os especifistas criticam essas tendências por serem guiadas pela espontaneidade e pelo individualismo, e por não desenvolverem um trabalho sério e sistemático, que é necessário para a construção de movimentos revolucionários. Os revolucionários latino-americanos sustentam que as organizações que não têm um programa,

“e que rejeitam qualquer disciplina entre os militantes, que recusam a ‘se definir’, a ‘se encaixar’, [...] são descendentes diretas do liberalismo burguês, que reage apenas a aos fortes estímulos, juntando-se à luta apenas nos seus momentos de intensidade, e negando-se a trabalhar continuamente, especialmente nos momentos de relativa calma entre as lutas.” [En La Calle]

Uma ênfase especial da práxis especifista é o papel da organização anarquista, formada nas bases da política compartilhada, como um espaço de desenvolvimento de uma estratégia comum e de uma reflexão sobre o trabalho organizado do grupo. Sustentado pela responsabilidade coletiva em relação aos planos e trabalhos da organização, uma confiança entre os membros e grupos é criada de forma a permitir uma discussão profunda e de alto nível de suas ações. Isso permite que a organização crie análises coletivas, desenvolva objetivos imediatos, de longo prazo, reflita sobre seu trabalho e modifique-o, baseada nas lições aprendidas e nas circunstâncias.

Dessas práticas e com base em seus princípios ideológicos, as organizações revolucionárias devem procurar criar um programa que defina seus objetivos de curto e médio prazo, além de trabalhar rumo a seus objetivos de longo-prazo.

“O programa deve vir de uma análise rigorosa da sociedade e da correlação de forças que é parte dela. Deve ter como base a experiência da luta dos oprimidos e suas aspirações, e a partir destes elementos, deve estabelecer os objetivos e as tarefas a serem realizadas pela organização revolucionária com o objetivo de obter êxito não apenas em seu objetivo final, mas também nos intermediários.” [En La Calle].

O último ponto, mas um que é chave dentro da prática do especifismo, é a idéia da “inserção social”.[1] Ela origina-se na crença de que os oprimidos são a camada mais revolucionária da sociedade, e que a semente da futura transformação revolucionária da sociedade já está nessas classes e grupos sociais. A inserção social significa o envolvimento anarquista nas lutas diárias dos oprimidos e das classes trabalhadoras. Não significa atuar nas campanhas de defesa de uma só questão – que são baseadas na participação já esperada dos tradicionais ativistas políticos –, mas dentro dos movimentos do povo em luta pela melhoria de sua própria condição, que se une nem sempre com base nas necessidades exclusivamente materiais, mas também pelas necessidades sociais e históricas de resistir os ataques do Estado e do capitalismo. Isso inclui os movimentos de trabalhadores de base, movimentos de comunidades de imigrantes que reivindicam sua legalização, organizações de bairro que resistem à brutalidade e à matança da polícia, estudantes da classe trabalhadora que lutam contra os cortes de verba na educação pública, e os pobres e desempregados que se opõem aos despejos e aos cortes nos serviços públicos.

Por meio de suas lutas diárias, os oprimidos transformam-se em uma força consciente. A classe em si, ou melhor, as classes em si (definidas para além da visão reducionista de classe do proletariado industrial e urbano, e incluindo todos os grupos oprimidos que têm um interesse material na nova sociedade) são ajustadas, testadas e recriadas por meio dessas lutas diárias baseadas em necessidades imediatas, transformando-se em classes para si. Ou seja, elas transformam-se de grupos e classes sociais que existem objetivamente pelas relações sociais, para forças sociais. Unidas por métodos orgânicos, e muitas vezes por sua própria coesão auto-organizacional, elas tornam-se atores conscientes de seu poder, de sua voz e de sua nêmesis intrínseca: as elites governantes que mantêm o controle sobre as estruturas de poder da ordem social vigente.

Exemplos da inserção social citados pela FAG são: seu trabalho com comitês comunitários em favelas e bairros urbanos (chamados de Comitês de Resistência Popular), a construção de alianças com membros da base do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o trabalho com os catadores de materiais recicláveis. Devido ao alto nível de empregos temporários e eventuais, subemprego e desemprego no Brasil, parte significativa da classe trabalhadora não sobrevive do trabalho assalariado, mas de trabalho de subsistência e da economia informal, como é o caso dos pedreiros temporários, camelôs ou catadores de lixo e de materiais recicláveis. Com anos de trabalho, a FAG construiu uma forte relação com os catadores urbanos e seus membros os ajudaram na formação de sua própria organização nacional, que está trabalhando para mobilizar os catadores em torno de seus interesses em nível nacional e para levantar dinheiro para a construção de sua própria operação de reciclagem coletiva.[2]

A concepção do especifismo sobre a relação das idéias com os movimentos populares é que elas não devem ser impostas por líderes, por uma “linha de massas” ou por intelectuais. Os militantes anarquistas não devem tentar fazer com que os movimentos assumam uma posição “anarquista”, mas trabalhar para manter seu ímpeto anarquista; isso é, sua tendência natural à auto-organização e à luta militante por seus próprios interesses. Isso assume a perspectiva de que os movimentos sociais chegarão à sua própria lógica de criar a revolução, não quando todos necessariamente chegarem ao ponto de se auto-identificarem como “anarquistas”, mas quando todos (ou pelo menos a grande maioria) atingirem a consciência de seu próprio poder e exercerem esse poder em suas vidas cotidianas, de certa maneira adotando conscientemente as idéias do anarquismo. Um papel adicional dos militantes anarquistas dentro dos movimentos sociais, de acordo com os especifistas, é dirigir-se às múltiplas correntes políticas que existem dentro dos movimentos e combater ativamente os elementos oportunistas do vanguardismo e da política eleitoral.
O ESPECIFISMO NO CONTEXTO DO ANARQUISMO NORTE-AMERICANO E OCIDENTAL
Dentro das correntes atuais do anarquismo organizado e revolucionário norte-americano e ocidental, numerosos indicadores apontam para a influência e a inspiração da Plataforma, tendo ela o maior impacto no recente despertar de organizações do anarquismo classista ao redor do mundo. Muitos vêem a Plataforma como um documento histórico que responde às falhas organizacionais do anarquismo que atuou nos movimentos revolucionários globais do século passado, e reivindicam atuar dentro da “tradição plataformista”. Assim sendo, as correntes do especifismo e do plataformismo merecem comparação e contraste.

Os autores da Plataforma eram participantes veteranos da Revolução Russa. Eles ajudaram a liderar uma guerrilha camponesa contra exércitos da Europa Ocidental e mais tarde contra os bolcheviques na Ucrânia, onde o povo tinha uma história independente do Império Russo. Desta forma, os autores da Plataforma com certeza falavam com fartura de experiência e para o contexto histórico de uma das lutas fundamentais de sua época. Mas o documento teve pouco progresso em suas propostas de união dos anarquistas defensores da luta de classes, e silenciou-se notadamente na análise e na compreensão de numerosas questões-chave que os revolucionários enfrentaram naqueles tempos, como a opressão das mulheres e o colonialismo.

Embora organizações de orientação anarco-comunista invoquem hoje a influência da Plataforma, considerando o passado, ela pode ser vista como uma declaração intensa que emergiu do pântano em que se encontrava grande parte do anarquismo depois da Revolução Russa. Como um projeto histórico, as idéias básicas e as propostas da Plataforma foram amplamente rejeitadas pelas tendências individualistas do movimento anarquista; foram mal-entendidas por barreiras de idioma, como reivindicam alguns [Skirda, 186]; e nunca conseguiram o apoio de militantes ou organizações para uma união em seu entorno. Em 1927, o grupo Dielo Truda sediou uma pequena conferência internacional na França para pessoas interessadas, mas ela foi rapidamente interrompida pelas autoridades.

Em comparação, a práxis do especifismo é uma prática viva e desenvolvida e, sem dúvida, uma teoria muito mais relevante e contemporânea, surgindo a partir de cinqüenta anos de organização anarquista. Surgidas no cone sul da América Latina, mas com sua influência que se espalha por toda parte, as idéias do especifismo não se originaram de um chamado ou de um documento único, mas foram criadas organicamente a partir dos movimentos do sul global, que estão liderando a luta contra o capitalismo internacional e dando exemplos para os movimentos do mundo todo. Em relação à organização, os especifistas reivindicam uma base para a organização anarquista muito mais profunda do que a “unidade teórica e tática” da Plataforma; reivindicam um programa estratégico baseado na análise que guia as ações dos revolucionários. Eles nos dão um exemplo vivo de organizações revolucionárias baseadas na necessidade de análises comuns, de teoria compartilhada e de raízes firmes nos movimentos sociais.

Eu acredito que há muito em que se inspirar na tradição especifista, não apenas em escala global, mas particularmente para os anarquistas classistas da América do Norte e para os revolucionários multiraciais dos E.U.A.. Enquanto algumas interpretações da Plataforma podem facilmente apontar para um papel dos anarquistas reduzido e centrado nos sindicatos de trabalhadores, o especifismo nos dá um exemplo vivo para o qual podemos olhar e que nos fala de maneira mais significativa em relação ao nosso trabalho de construção de um movimento revolucionário hoje. Levando tudo isso em consideração, eu também espero que esse artigo possa nos ajudar a refletir mais concretamente sobre como nós, como um movimento, definimos e moldamos nossas tradições e influências.


Notas:

1. Embora “inserção social” seja um termo que aparece constantemente nos textos de organizações inspiradas pelo especifismo, companheiros meus têm problema com ele. Portanto, antes de abraçarmos algo sem questionamento, talvez devesse haver uma discussão sobre esse termo.

2. Eduardo, então Secretário de Relações Externas da FAG. “Saudações Libertárias dos E.U.A.” E-mail a Pedro Ribeiro. 25 de Jun de 2004.


Bibliografia:

En La Calle (texto anônimo). “La Necesidad de un Proyecto Próprio: acerca de la importancia del programa en la organizacion politica libertaria”, En La Calle, publicado pela OSL Argentina (Organización Socialista Libertaria) Jun 2001. 22 Dez 2005.

Featherstone, Liza, Doug Henwood e Christian Parenti. “Left-Wing Anti-intellectualism and its discontents”, Lip Magazine, 11 Nov 2004. 22 Dez 2005.

Guillamon, Agustin. The Friends of Durruti Group: 1937-1939. San Francisco: AK Press, 1996.

Krebs, Edward S. Shifu, the Soul of Chinese Anarchism. Landham, MD: Rowman & Littlefield, 1998.

Northeastern Anarchist. The Global Influence of Platformism Today by The Federation of Northeastern Anarchist Communists (Johannesburg, South Africa: Zabalaza Books, 2003), 24. “Entrevista com a Federazione dei Comunisti Anarchici (FdCA) italiana”.

Skirda, Alexandre. Facing the Enemy: A History of Anarchist Organization from Proudhon to May 1968. Oakland, CA: AK Press 2002.


* Adam Weaver é um anarco-comunista de San Jose, CA.

Sunday, January 24, 2010

MANIFESTO ANTI-TRABALHO


MANIFESTO ANTI-TRABALHO DO PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO

Estou farto dos velhos
que mandam os malandros trabalhar
estou farto do paleio imbecil
do Governo e da televisão
estou farto das Finanças
e da Segurança Social!

Que se foda o dinheiro!
O Sócrates que vá trabalhar!

Eu só quero passar passar o dia
a escrever poemase a olhar para as gajas.

Estou farto de défices, de percentagens e de economistas!
Estou farto de racionalistas,de analistas e de ponderações!
Estou farto de santas, de seitas
e da moral!Estou farto dos políticos
e das directivas do comité central!
Estou farto do Rocha, do Ronaldo e do país!

Que se foda o dinheiro!Não quero trabalhar!

Eu só quero passar o dia a escrever poemas
e a olhar para as gajas.

CANDIDATO Á PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


António Pedro Ribeiro, poeta anarquista e maldito, apresenta a sua candidatura à Presidência da República na segunda, 25, às 23 h no Pinguim Café no Porto. Apresenta também, à mesma hora e no mesmo local, o livro "Um Poeta no Piolho" (Corpos). The doors are open.

Saturday, January 23, 2010

O POEMA SEM FIM


Fazer construções com as palavras. É o que fazemos. Encaixar as palavras no sítio certo. Dar-lhes ritmo. Mas eu quero mais do que isso: eu quero que a palavra brote espontaneamente, eu quero a escrita automática, sem necessidade de revisões ou correcções. Abarcar o mundo todo no verso. Eis o que quero. O poema contínuo. O texto sem fim.

AINDA NIETZSCHE

Esse (Deus)...não amava bastante: de contrário, ter-nos-ia amado a todos nós, que rimos! Mas odiou-nos e escarneceu de nós, prometeu-nos choros e ranger de dentes. (Deus) provinha da populaça.
(Nietzsche)

A PRAÇA PÚBLICA E A POPULAÇA


Que me importam a praça pública e a populaça e o barulho da populaça e as grandes orelhas da populaça!
Na praça pública ninguém acredita nos homens superiores. (...) "Nós somos todos iguais!"
Assim fala a populaça, "não há homens superiores, somos todos iguais, um homem é um homem, diante de Deus-somos todos iguais!"
Diante de Deus! Mas eis que este Deus morreu. Mas nós não queremos ser iguais diante da populaça. Homens superiores, afastai-vos da praça pública!
(Nietzsche, Assim Falava Zaratustra")

DA CARLINHA-CARLA OM

carla a curtir o tempo presente da utopia e só falo com amigos, continuo em paris na resistance française ! há instantes atrás sai de casa de uma amiga onde estivemos a enrolar um de polen ( bate leve levemente!) o meu corpo, já na rua, desmaterializou-se aka moi " a flutuar" ... desapareceram os cdjs de minha casa, ontem à tarde deu-me o vip apeteceu-me misturar som ... rock and roll duro e progressivo ... ( viva a revolução artística) tenho um amigo drôle que pertence à maçonaria do porto ( also boémio na noite ... comme moi!) que diz que a musica electrónica é básica ... onde é que este people anda com a sensibilidade ("les sens ne sont plus interdits" in a dancefloor...) ????!!! o gru ( que tem uma banda reggae ...) com o caixeiro "musical" brasileiro agora basique quoi???? discordei, matemático sensitivo (tentem fazer música a três tempos (uma expressão de moi..:) a ver se não ficamos manquinhos ahhaha demais a mais acho que a e-music já atingiu a sua maioridade há muito tempo , os madredeus deixaram ºse remisturar e acho que o dj vibe já tentou remisturar mão morta (talvez não estivesse preparado para tama nha alucinação colectiva !! hi hi hi ) de qualquer forma eu só mexia numa música dos mão morta " em directo para a televisão" o resto é muito sagrado ! ...

Friday, January 22, 2010

TU NÃO VENS

Já se passou quase uma hora e tu não vens. Venho aqui de propósito ao "Piolho" e tu não vens. Escrevo aqui a canção da minha vida e tu não vens. Sigo o caminho da solidão e tu não vens. Percorro todos os pensamentos e tu não vens. Chamo o teu nome e tu não vens. Há gajos que se sentam à minha mesa pela primeira vez e tu não vens. Leio o "Zaratustra" pela quarta vez e tu não vens. Sou quase Deus e tu não vens. Afasto de mim o mercado e a mercearia e tu não vens. Escrevo e continuo a escrever e tu não vens. Há uma gaja que ficou de aparecer e tu não vens. Cai a noite e tu não vens. Conto os minutos e tu não vens. A droga não me larga e tu não vens. Sou o poeta e tu não vens. Vou até ao fundo e tu não vens. Estou farto desta merda e tu não vens. E tu não vens. E tu não vens.

CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E "UM POETA NO PIOLHO" NO PINGUIM


APRESENTAÇÃO DA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E "UM POETA NO PIOLHO" NO PINGUIM



António Pedro Ribeiro, poeta anarquista e aderente nº 346 do Bloco de Esquerda, apresenta a sua candidatura à Presidência da República e apresenta também o seu livro "Um Poeta no Piolho" no bar Pinguim, no Porto, na próxima segunda, dia 25, pelas 23,00 h.



MANIFESTO DA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO



Esta é, sobretudo, uma candidatura anti-mercado e anti-capitalista. Esta é, sobretudo, uma candidatura pelo Homem e pela Vida. Esta é uma candidatura que não aceita que o homem se reduza a uma mercadoria, a um objecto de compra e venda, ao macaco do lucro e da mercearia. Esta é uma candidatura que não faz o jogo dos partidos nem dos sindicatos, que nada negoceia porque nada há a negociar com o capitalismo. Esta é a candidatura que não está na Bolsa e que defende a extinção da Bolsa. Esta é a candidatura que se opõe aos banqueiros e ao mercado. Esta é a candidatura que diz que o homem nasce de graça, que o homem nada tem a pagar pela vida, que a Vida deve ser livre e gratuita. Esta é a candidatura que diz que a vida está muito para além da vidinha, da sub-vida do trabalho, da rotina e do quotidiano cinzento e vazio. Esta é a candidatura que fala do homem livre, do homem que cria e ri. Do homem que é afecto e mesa partilhada, do homem que está para lá da democracia burguesa. Do homem que não é da economia nem da finança nem do sacar dinheiro nem do desenrascanço. Do homem que ama, dança, canta e quer. Do homem sem chefes nem hierarquias.
E também:
Dar de comer a quem tem fome.
Dar de beber a quem tem sede.
Dar abrigo a quem não tem abrigo.



UM POETA NO PIOLHO



"Um Poeta no Piolho" é uma homenagem aos 100 anos do café "Piolho" feitos à mesa da cerveja e das mulheres que vêm ou não vêm. É o percurso de mais de 20 anos do poeta no "Piolho" em torno de discussões literárias, políticas ou amorosas, é a homenagem aos empregados e aos gerentes do "Piolho", a todos aqueles que por lá passam e continuam a passar, a todas aqueles que fizeram e que fazem do "Piolho" um café com História e recheado de estórias todos os dias.
António Pedro Ribeiro ou A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 1968. É autor dos livros "Queimai o Dinheiro" (Corpos, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001), entre outros. Foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e colaborou nas revistas "Cráse", "Bíblia", "Conexão Maringá" e "A Voz de Deus", entre outras. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. Fez performances poéticas no Festival de Paredes de Coura 2006 e 2009 (com a banda Mana Calórica) e recentemente nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre (Outubro de 2009). Diz regularmente poesia nos bares Púcaros e Pinguim e no Clube Literário (Poesia de Choque).

Wednesday, January 20, 2010

OBRIGAÇÃO E MERCADO

SECÇÃO: Opinião

António Pedro Ribeiro


OBRIGAÇÃO e MERCADO

Obrigação, trabalho, mercado. Eis o que fizeram da vida esses pregadores da morte que se chamam políticos, banqueiros, grandes empresários, economistas. Reduziram a vida a cálculos financeiros e contabilísticos esses pregadores da morte que nos querem afastar dos nossos companheiros, dos nossos afectos. Revoltei-me contra esses profetas da morte e da conta quando estava na Faculdade de Economia do Porto.


Comecei a pôr em causa as contas, os gráficos, os balanços, os orçamentos. Comecei a levar Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Jim Morrison, Nietzsche para as aulas. "Assim Falava Zaratustra". E agora que leio o "Zaratustra" pela quarta vez, o espírito volta a dar voltas.

O homem pequeno só ouve os pregadores da morte, via Media. O homem pequeno adora os pregadores da morte. Aceita que a vida se reduza aos ganhos e às perdas. Aceita que a vida não seja vida. Aceita ser reduzido a uma percentagem, a uma cotação da Bolsa.


Preocupa-se apenas com o interesse mesquinho e imediato, com a sobrevivência. Não aspira às alturas, ao cume das montanhas. Rejeita o artista, o espírito livre, aquele que cria, aquele que busca o conhecimento, aquele que quer. Porque "o querer liberta"!


A vontade do homem está para lá das moedas e notas dos merceeiros do mercado. A vontade do verdadeiro homem que grita pela liberdade e pela vida nada tem a ver com negócios e com mera sobrevivência. O verdadeiro homem é corpo, espírito e afecto. O homem nobre não é o homem das meias medidas

MANIFESTO DA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


Esta é, sobretudo, uma candidatura anti-mercado e anti-capitalista. Esta é, sobretudo, uma candidatura pelo Homem e pela Vida. Esta é uma candidatura que não aceita que o homem se reduza a uma mercadoria, a um objecto de compra e venda, ao macaco do lucro e da mercearia. Esta é uma candidatura que não faz o jogo dos partidos nem dos sindicatos, que nada negoceia porque nada há a negociar com o capitalismo. Esta é a candidatura que não está na Bolsa e que defende a extinção da Bolsa. Esta é a candidatura que se opõe aos banqueiros e ao mercado. Esta é a candidatura que diz que o homem nasce de graça, que o homem nada tem a pagar pela vida, que a Vida deve ser livre e gratuita. Esta é a candidatura que diz que a vida está muito para além da vidinha, da sub-vida do trabalho, da rotina e do quotidiano cinzento e vazio. Esta é a candidatura que fala do homem livre, do homem que cria e ri. Do homem que é afecto e mesa partilhada, do homem que está para lá da democracia burguesa. Do homem que não é da economia nem da finança nem do sacar dinheiro nem do desenrascanço. Do homem que ama, dança, canta e quer. Do homem sem chefes nem hierarquias.
E também:
Dar de comer a quem tem fome.
Dar de beber a quem tem sede.
Dar abrigo a quem não tem abrigo.

Sunday, January 17, 2010

DISCURSO DO EMBAIXADOR MEXICANO

DISCURSO DO EMBAIXADOR MEXICANO



· Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de ascendência indígena, sobre o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Europeia.



· A Conferência dos Chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, em Madrid, viveu um momento revelador e surpreendente: os Chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados, um discurso irónico, cáustico e historicamente exacto.



· Eis o discurso:

· "Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" há 500... O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros, sem lhes pedir consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos de 1503 a 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

· Teria aquilo sido um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

· Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

· Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a actual civilização europeia se devem à inundação dos metais preciosos tirados das Américas.

· Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma indemnização por perdas e danos.

· Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

· Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.

· Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

· Não. No aspecto estratégico, delapidaram-nos nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de extermínio mútuo.

· No aspecto financeiro, foram incapazes - depois de uma moratória de 500 anos - tanto de amortizar capital e juros, como de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

· Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

· Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo-lhes 200 anos de bónus. Feitas as contas a partir desta base e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, concluimos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

· Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

· Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

· Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal, que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira prestação de dívida histórica..."



· Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira Dívida Externa.

RIBEIRO AO POLEIRO!



CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
APRESENTAÇÃO DO LIVRO "UM POETA NO PIOLHO" NO PÚCAROS

António Pedro Ribeiro, poeta anarquista, diseur, performer e aderente nº 346 do Bloco de Esquerda anuncia na próxima quarta, 20, pelas 23,30 h, no bar Púcaros no Porto (à Alfândega) a sua candidatura à presidência da República nas Presidenciais/2011. O anúncio da candidatura coincide com a apresentação do livro "Um Poeta no Piolho" (Corpos Editora) no mesmo local e à mesma hora. A candidatura de António Pedro Ribeiro, embora respeite muito a figura de Manuel Alegre enquanto poeta e humanista, vai contra os entendimentos de mercearia entre o Bloco de Esquerda e o PS de Sócrates que se desenha em torno da candidatura do poeta. A candidatura de António Pedro Ribeiro é a candidatura do homem livre que está contra a economia de mercado e a social-democracia de mercado que nos enfernizam a vida. A candidatura de António Pedro Ribeiro é uma candidatura de ruptura contra todas as formas de capitalismo, estejam elas na bolsa, nos bancos ou no grande capital. É uma candidatura que não pactua com negociações e sindicatos em busca de influências, estatutos e poderes. É uma candidatura pela vida no sentido nietzscheano, pela vida autêntica, plena sem patrões nem grandes irmãos. É uma candidatura que olha para os desempregados e para os pobres sem estatísticas nem contas de mercearia. Todo o ser humano tem direito à sua subsistência e algo mais. Não tem de andar a mendigar coisa nenhuma. A candidatura de António Pedro Ribeiro é uma candidatura de rebelião e de ruptura com o instituído que acredita, com Rosa Luxemburgo, que os problemas não se resolvem no Parlamento mas sim na rua. Acredita também que o capitalismo destrói o homem e que, portanto, deve ser derrubado nas ruas como tem sido tentado na Grécia e em França. Acredita também que o melhor governo é não existir governo nenhum e que os partidos de esquerda (PCP, Bloco de Esquerda) têm feito, muitas vezes, o jogo do sistema aceitando migalhas do poder.
"Um Poeta no Piolho" é uma homenagem aos 100 anos do café "Piolho" feitos à mesa da cerveja e das mulheres que vêm ou não vêm. É o percurso de mais de 20 anos do poeta no "Piolho" em torno de discussões literárias, políticas ou amorosas, é a homenagem aos empregados e aos gerentes do "Piolho", a todos aqueles que por lá passam e continuam a passar, a todas aqueles que fizeram e que fazem do "Piolho" um café com História e recheado de estórias todos os dias.
António Pedro Ribeiro ou A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 1968. É autor dos livros "Queimai o Dinheiro" (Corpos, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001), entre outros. Foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e colaborou nas revistas "Cráse", "Bíblia", "Conexão Maringá" e "A Voz de Deus", entre outras. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. Fez performances poéticas no Festival de Paredes de Coura 2006 e 2009 (com a banda Mana Calórica) e recentemente nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre (Outubro de 2009). Diz regularmente poesia nos bares Púcaros e Pinguim e no Clube Literário (Poesia de Choque). "Um Poeta no Piolho" será apresentado pelo poeta Anthero Monteiro e pelo editor da Corpos Ricardo de Pinho Teixeira. O diseur Luís Carvalho dirá poemas do livro.
No dia seguinte, 21, quinta, pelas 22,00 h, António Pedro Ribeiro volta a apresentar a sua candidatura no Clube Literário do Porto, acompanhado por Luís Carvalho e pelo músico Luís Almeida, durante a habitual sessão de POESIA DE CHOQUE que tem lugar todas as terceiras quintas de cada mês.

Com os melhores cumprimentos,
António Pedro Ribeiro.
tel. 965045714
http://tripnaarcada.blogspot.com
http://partido-surrealista.blogspot.com

Friday, January 15, 2010

NIETZSCHE, "ASSIM FALAVA ZARATUSTRA"


Viver segundo a minha vontade ou não viver: é o que eu quero, é o que quer também o mais santo.


Que me importam a praça pública e a populaça e o barulho da populaça e as grandes orelhas da populaça!

PADEIRINHA


A "Padeirinha" anda sempre a mudar de empregadas. Aqui há tempos havia duas que me excitavam. Uma delas ficou registada em vários textos. Um ou dois penso que realmente bons. Lá se foi a pica de ontem. Talvez o "Zaratustra" me reacenda.
Já ando a seleccionar poemas para o livro do Peixoto. Poemas de amor e...algum sexo. Afinal, sempre há material. E afinal há editora. Não me posso queixar. SEmpre há quem me publique. E ainda há a cena do Ulisses e da mulher do Ulisses. Não há que desesperar. Alguns dos meus textos têm realmente saída. Há jornais que os publicam. Era para ir ter com o Henrique a Vila do Conde mas deixei-me ficar na cama e o gajo tem o telefone desligado. Perdoa-me, ó grande! Também não é caso de vida ou de morte. O cu desta gaja não é mau.

Thursday, January 14, 2010

TERRORISTA POÉTICO

TERRORISTA POÉTICO

António Pedro Ribeiro

Escrevo mas tenho o blog parado. Não sei quanta gente lê aqueles blogues mas sei que é alguma gente. Ontem A. Percebeu que estou interessado nela. Ao menos é sincera. A verdade é que os “Ditirambos de Diónisos” me puxaram para cima, apesar dos delírios. Crio, tento fazer a fusão de todas as artes. Sou furacão, sou dinamite, como dizia Nietzsche. Tenho calor. Dispo o casaco. Hoje não neva. Tenho Proudhon para ler. A polícia ocupou a casa dos “okupas” no marquês. A polícia é uma delícia. A gaja é bonita mas parece enjoada. Vem, querida, porque não voltas para os meus braços? Dar-te-ei o mundo. Ficarei apenas com uma pequena parte para mim e para os meus para fazermos uns disparates, para partirmos uns vidros, para pintar a manta. Acredito numa revolução artística, numa bomba artística global. Que provoque, que inquiete, que dê choque, que dê as voltas às cabeças. Acredito em Dionisos ao lado das bacantes enbriagadas. É nisso que acredito. Não em qualquer tipo de lucro, banco, dinheiro, mercado ou capital. Sou o homem da liberdade, como o Jim Morrison. E os editores que nunca mais me respondem. O que é que querem que eu escreva mais? Sou um terrorista poético, não sou o Bin Laden nem o primeiro-ministro de Israel. Defendo a violência libertária da Grécia. Destruir para criar. Sou um terrorista poético.

FÁ-LA FÁ-LO


FÁ-LA FÁ-LO

Deus, dá-me uma gaja
Deus, dá-me uma namorada
Mas não a faças chata
Não a faças intelectual
Não a faças ler muitos livros
Não a faças foder-me a cabeça
Deus, dá-me a felicidade
Mas não a faças quadrada
Não a faças agarrada
Ao dinheiro
Ao conforto
Ao sucesso
Ao raio que a parta!
Deus, dá-me a liberdade
Mas fá-la flipada
Fá-la sem limites
Não a faças mortinha
Não a faças emproada
Não a faças prendada
Não a faças dona da razão
Fá-la com coração
Fá-la com alma
Fá-la desalinhada
Fá-la bêbada
Fá-la drogada
Fá-la de cabeça aberta
Fá-la liberta
Fá-la desperta
Fá-la maldita
Fá-la pepita
Fá-la de ouro
Fala em fogo
Fá-la um todo
Fá-la o mundo
Fá-la a fundo
Fá-lo soberbo
Fá-lo magnífico
Fá-lo divino
Fá-lo de vinho
Falo de Baco.

AI, O COELHO!

Suspeitas de financiamento ilícito do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, levaram as autoridades a constituir arguidos o antigo ministro do Equipamento Social Jorge Coelho e o seu secretário de Estado das Obras Públicas Luís Parreirão. Ambos trabalham agora na Mota-Engil.Fernando Veludo (arquivo)


Os dois antigos membros do Governo de Guterres foram ouvidos na Unidade Nacional de Combate à Corrupção
Os dois antigos membros do Governo de António Guterres foram ouvidos há dias na Unidade Nacional de Combate à Corrupção, em Lisboa, sobre um caso que remonta a 2000, ano em que foi assinado um protocolo entre a Câmara de Santarém e o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) envolvendo indirectamente o CNEMA, que pertence à Confederação de Agricultores de Portugal (CAP). Basicamente como não podia transferir as verbas directamente para o CNEMA, o Governo de então arranjou uma forma de fazê-lo através da autarquia.

Em Junho de 1998, o primeiro-ministro António Guterres prometeu ajudar no saneamento financeiro da empresa, que acumulara dívidas superiores a 7,5 milhões de euros dos quais cerca de 3,5 milhões de euros eram devidos ao Banco Totta e Açores (BTA), perante o qual o CNEMA já não cumpria os pagamentos de juros há três anos. Isso mesmo anunciou o então ministro Gomes da Silva na Feira Nacional da Agricultura desse ano.

Já no final de 1999, segundo o CNEMA, foi estabelecido um acordo liderado pela secretaria de Estado das Obras Públicas e concretizado através do IEP, que terá transferido cerca de 4,5 milhões de euros para a Câmara de Santarém, sendo que 3,3 milhões de euros deveriam ser por esta transferidos para o CNEMA, para que a empresa pagasse a dívida ao BTA. A transferência seria justificada com o apoio à construção da circular urbana de Santarém que dá acesso aquele complexo de feiras.

Ao mesmo tempo, CNEMA e BTA assinaram, a 7 de Janeiro de 2000, um "acordo de consolidação" da dívida, através do qual a empresa se comprometia a pagar 250 mil euros e afirmava que a Câmara de Santarém entregaria 2,2 milhões de euros até fim do Março seguinte.

Só que, em Março de 2000, a autarquia não terá transferido os 2,2 milhões. Já em 2002, a câmara propôs-se atribuir um terreno ao CNEMA de valor idêntico ao desta alegada dívida, mas o BTA acabou por avaliar o espaço em apenas 1,1 milhão de euros, o que justificou um novo entendimento. "O município convenceu então ao CNEMA a hipotecar o terreno. Receberam o dinheiro, mas foi a câmara que ficou a pagar a hipoteca", relata o actual presidente da autarquia, Moita Flores. Até Junho de 2005, altura em que o município deixou de pagar. "Quando percebi que isto estava em investigação decidi não pagar nem mais um tostão", justifica Moita Flores.

Em comunicado, Jorge Coelho confirmou que recebeu o ex-líder da CAP, José Manuel Casqueiro (entretanto falecido), e o ex-autarca de Santarém José Miguel Noras para "procurar ajudar a resolver um problema que existia" entre o município, o CNEMA e a Estradas de Portugal. "Nunca mais tive qualquer ligação a esta questão", acrescenta, mostrando-se surpreendido com a constituição de arguido já que pensava "que tudo teria ficado esclarecido".

www.publico.clix.pt

Wednesday, January 13, 2010

GRAFFITIS DE PARIS


Graffitis e frases escritas nas paredes de Paris ( Março de 2006) durante a luta contra os contratos de primeiro emprego e a precariedade laboral

Graffitis e frases escritas nas ruas de Paris durante a onda de contestação que varreu a França em Março (e nos meses seguintes) de 2006, quando milhares de jovens protestaram contra os Contratos de Primeiro Emprego (CPE) que consagravam e reforçavam a precariedade laboral com especial incidência nos jovens que estavam prestes a entrar no mercado de trabalho.
A contestação e as manifestações atingiram uma tal escala que o governo francês teve de revogar a lei.


POLÍCIA EM TODA PARTE = JUSTIÇA EM PARTE ALGUMA

NÃO AO ESTADO, AOS MEDIA E AO PATRONATO

PARA PAGAMENTO RUIM, TRABALHO RUIM

BASTA DE SER RAZOÁVEL

CONSTRUAM ESCOLAS E AS PRISÕES SERÃO DESNECESSÁRIAS

VIVA O CONVÍVIO MÚTUO E A SOLIDARIEDADE

MORTE AO PRODUTIVISMO E AO CONSUMISMO

DESTITUAM TODOS OS POLÍTICOS

DESTRUIÇÃO É REJUVENESCIMENTO

QUEIMEM BANCOS

LUCIDEZ É UMA FORMA DE RESISTÊNCIA

A MELHOR FORMA DE VOTAR É ARRANCAR PEDRAS DA CALÇADA E LANÇÁ-LAS NAS CABEÇAS DOS POLÍTICOS

NÃO IMPLORE PELO DIREITO DE VIVER, TOME-O

O EGO É UMA PRISÃO

AS ELEIÇÕES MUDAM AS MOSCAS, A ALTERNATIVA REAL ESTÁ NAS RUAS

SOMOS LIVRES PARA ABOLIR O VOSSO MUNDO

MEDIA POR TODA PARTE = INFORMAÇÃO EM PARTE ALGUMA

NÃO TENHA MEDO DE NADA

SOMOS INCANSÁVEIS

QUEM SEMEIA MISÉRIA COLHE FÚRIA

SE NINGUÉM OBEDECE, NINGUÉM COMANDA

SALVEM OS BANQUEIROS E AS EMPRESAS!

Eurico Tiago


Salvem os banqueiros e as empresas

Os banqueiros atiraram com a civilização ocidental para a falência e durante uns tempos foi vê-los, de chapéu na mão, pedindo aos governos que lhes dispensassem milhões dos impostos cobrados aos contribuintes que, como se sabe, são quase todos trabalhadores e dos que têm de fazer das tripas coração para comer e pagar as suas contribuições ao Estado.

Até o Governo Sócrates despejou os nossos biliões nos bolsos dos banqueiros para que a boa vida continuasse sem a menor perturbação. Depois de receberem rios do nosso dinheiro, os bancos rapidamente regressaram aos lucros pornográficos. E uma vez recuperada a antiga glória financeira, logo voltaram a aparecer nas televisões aqueles economistas inteligentes que dão a táctica ao Governo para Portugal sair do buraco.


Alguns desses tartufos metem pena. Afinal vê-se logo que são vozes de donos que querem sacar mais e mais à custa da ladainha da iniciativa privada.


Outros atrevem-se de novo a dizer que o Estado tem que entregar todos os bens públicos à iniciativa privada e ficar repimpado na poltrona a ver os ricos ficaram ainda mais ricos e os pobres rastejarem para as bichas da sopa e da roupa usada.


Outros ainda dizem como é que Sócrates deve agir e para já: reduzir os salários dos trabalhadores e despejar milhões nas empresas. Primeiro enche-se o prato aos banqueiros. Agora a mesa dos empresários. E sempre cortando na ração dos trabalhadores por conta de outrem. Ou o Governo faz assim ou Portugal acaba, dizem os malandros.


Alguns destes seres inqualificáveis já estiveram no Governo e só fizeram porcaria. São todos do socialismo cavaquista e sempre que aparecem, metem nojo aos cães. Se as suas vozes chegarem aos céus, estamos tramados. Porque como diria Cavaco Silva, isto está mais para o explosivo do que para os brandos costumes. E se Sócrates vai na conversa de alguns dos seus antigos ministros e que hoje aparecem alinhados com o que de mais retrógrado existe em Portugal, pode ser que isto se componha e a malta imite os gregos que não param de partir bancos e sedes dos grandes grupos financeiros.


É sempre possível que a corda parta, quando banqueiros e empresários levantam as bandeiras do sacar vilanagem e enchem os bolsos à custa dos que, à custa de muito trabalho e baixos salários, têm de sustentar clientelas políticas, empresários falidos e banqueiros arruinados.


Há sempre um dia que o cântaro parte a asa e os que nada têm decidem que querem um pouco mais do que pobreza e falta de respeito. Nesse dia, tenho a certeza, as vozes dos donos que nas televisões, rádios e jornais pedem tudo para os ricos e nada para os pobres, desaparecem num ápice. Não brinquem com o fogo porque as chamas queimam mesmo e às vezes arde tudo, mesmo o que não devia arder. Mas quando toca a rasgado, não há inocentes e vai tudo à frente das águas do rio que ignoram as margens opressoras.


Tenham juízo, que a impunidade não dura sempre e até os escravos um dia descobrem que têm direito à dignidade.

www.vozdapovoa.com

Tuesday, January 12, 2010

DOIS POETAS

DOIS POETAS

Ao Rui Lage

Dois poetas marcaram encontro
No café “Ceuta”
Um poeta espera pelo outro
Que nunca mais chega
Um poeta bebe café e pensa
Um poeta enlouquece à mesa

Dois poetas conversam
No café “Ceuta”
Dois poetas bebem café
E falam de poesia
Dois poetas abandonam o café
E percorrem as ruas
Dois poetas conversam na rua
Dois poetas conversam
Dois poetas.

TESTAMENTO

TESTAMENTO

Se um dia visitares o meu túmulo
Recorda-me como um transeunte amável
Que, em tempos, cruzou o teu caminho
E compartilhou algumas das tuas horas

Lembra, com ternura,
Alguém que, acima de tudo,
Amava o mar e as estrelas
E que, por vezes,
Te fez sorrir.

Recorda também
As noites
Em que a poesia me inflamava
E a fúria do excesso
Cavalgava dentro de mim…

Braga, “Correio do Minho”, 18.3.1992.

NIETZSCHE


Todo o amor do sol é inocência e desejo de criar!
Tal como o Sol, amo a vida e todos os mares profundos.
E isto é para mim o conhecimento: tudo o que é profundo deve subir- à minha altura!
Amo a liberdade e o ar livre sobre a terra fresca. E amo ainda mais dormir sobre peles de bois do que sobre as suas honras e as suas dignidades.

(F. Nietzsche, "Assim Falava Zaratustra")
Está frio. Estou cheio de asma. Quase sufoco. É nestas ocasiões que se dá valor à vida. À vida vivida. À vida autêntica. À vida que não se compra nem se vende. À vida pela vida. Quando quase não conseguimos respirar.

NÃO À EXTRADIÇÃO DOS INDEPENDENTISTAS BASCOS!

To: Governo e Justiça portuguesa
Não à extradição dos independentistas bascos!

Os cidadãos, abaixo-assinados, vêm por este meio apelar aos tribunais e ao Governo português para que não permitam a extradição dos independentistas bascos Garikoitz Garcia e Iratxe Yanez para o Estado espanhol. Denunciamos as graves violações dos Direitos Humanos que sofreram, ao longo das últimas décadas, milhares de cidadãos bascos que, com ou sem participação na luta armada, foram detidos e submetidos a sessões de tortura. Executando-se a extradição, o Estado português ficará responsável pelo que suceder aos dois cidadãos bascos.

Várias entidades e organizações, entre as quais o Relator da Comissão da ONU contra a Tortura e a Amnistia Internacional, têm denunciado, ao longo dos anos, as sucessivas denúncias de tortura por parte de presos políticos bascos. Simulação de afogamento, asfixia através de saco, choques eléctricos nos genitais, tortura do sono e espancamentos são alguns dos métodos utilizados. Entre os milhares de casos destacamos alguns. Em 2001, Unai Romano saía com a cara irreconhecível de um interrogatório policial. Em 2004, foi publicado o relato chocante de Amaia Urizar, que num interrogatório viu o seu corpo ser violado com uma pistola. Em 2008, após ser detido, Igor Portu dava entrada no Hospital de Donostia com uma perfuração num pulmão.

Um Estado que tortura, proíbe partidos políticos e manifestações, fecha jornais e rádios e ilegaliza organizações juvenis e populares e que mantém os seus detidos durante mais de uma semana sem qualquer acesso a advogados, familiares ou cuidados médicos não pode ser considerado um Estado de Direito. Nesse sentido, correspondendo à Convenção da ONU contra a Tortura, não se pode extraditar ou permitir através de outras manobras o envio de Garikoitz e Iratxe para o Estado espanhol.

Portanto, os abaixo-assinados apelam aos tribunais e ao Governo português para que cumpram o artigo 7.º dos Princípios Fundamentais da Constituição da República Portuguesa: "Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados. (...) Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão".

Organização promotora: Associação de Solidariedade com Euskal Herria (País Basco)

Sincerely,

Sunday, January 10, 2010

VIVA A ANARQUIA!


Regresso
à vida
na baixa do Porto
do "Piolho" ao "Púcaros"
eis a minha sina
o Adriano
fala com a menina
o Paiva lê
a menina come
estive há pouco
com o Simões
hoje não há
menina bonita
para ninguém
agarro-me à cerveja
é o que me resta
o frio lá fora
a menina come
devora à dentada
eu limito-me
à trouxa
do tasco do lado
e o gajo que quer
apanhar o autocarro
o senhor ministro
esteve cá dentro
a outra à porta
diz caralhadas
os gajos que falam
de Marx e Bakunine
o Paiva que sai
o marquês de Sade
lá se foram
os 100 anos do "Piolho"
restam o livro
e as caixas na vitrine
o Do Vale não está
deve ter ido para Braga
de Braga venho
e a gaja dá beijos
efusivos
beijos e abraços!-
diz o gordo atrasado mental
só me faltava cá o gordo
a foder-me o poema
eu também estou gordo
mas não me sujeito à merda
e o Rocha que não vem
nem a Alexandra
estou fodido
ninguém me liga
a não ser o Adriano,
o Simões e o Paiva
lá está um gajo a queixar-se
lá diz o Oliveira
e a Gotucha
que foi para a Madeira
e os gajos do lado
falam da vida
bebo e escrevo
sou o poeta do "Piolho"
anarquia aos molhos
e cocaína
um poeta aos tombos
virgem Maria
os gajos do lado
bebem cerveja
e até têm piada
falam de circo e palhaços
e eu na minha vida
as gajas agarradas à net
os Monty Phyton
os gajos do lado
são praxistas
ou ex-praxistas
mas têm muita piada
isto só vai
com muita cerveja
até de madrugada
a diferença entre o bom
e o genial
não se está nada mal
e agora algo
de completamente diferente
a mulher ausente
e o astrolábio
lábios de fogo
na minha boca
gaja de boina
ai! A minha vida!
Falta cá o chato do costume
e o Fred maluco
ainda é cedo
e eu sem medo
na tua cara
mulher que vens
e me dás a vida
sou o homem que regressa
o homem que fica à porta
e não protesta
sou o gajo que resta
e vai mijar
ainda há pouco cheio de asma
e agora em beleza
é o poeta que não acaba
o poeta que não se gaba
os gajos do lado
agora falam
de automóveis e haxixe
gente que entra
gente que se encontra
poeta maldito
na tua onda
e o ambiente académico
engravatados de pasta
pasta que me falta
até ser dia
é inovador
três rodas
e um motor
aquela cena
até dá
45 graus
tu vês a cãmara
dentro do carro
mas não há patrocínios
viva a anarquia!


"Piolho", 6.1.2010

Tuesday, January 05, 2010

DO HOMEM Á MESA


De novo nos cafés de Braga. Não me parece que vá escrever qualquer coisa como o "Beijo na Boca". Não estou naqueles dias em que a coisa sai. É só o homem à mesa, de novo. O homem à mesa é o homem do livro. O homem à mesa é o homem que observa. O homem à mesa é o homem que fica. O homem à mesa é aquele que está com a Gotucha. O homem à mesa está cada vez mais bucha. O homem à mesa saiu de casa ao meio-dia. O homem à mesa.

EM BRAGA

Cá estou em Braga junto à Gotucha. Bebo cerveja, como bolos, e estou cada vez mais bucha. Estamos em 2010 e na passagem de ano apanhei uma grande piela. Nem me lembro bem das coisas. Aliás, estes são os primeiros escritos de 2010. De 2009 não me posso queixar. Fui ao Campo Alegre e a Paredes de Coura. Publiquei dois livros. Tive duas namoradas. Bebo duas cervejas. Ontem estava desperto, ultra-sensível. Hoje já caguei quatro ou cinco vezes.