Sunday, September 14, 2008

MOVIMENTO SURREALISTA


Esta página destina-se a divulgar as actividades do Movimento Surrealista em Portugal e no Mundo.

Aos seus múltiplos detractores e adversários, gente na sua maioria, encerrada nos cemitérios das artes e das letras, àqueles que, no campo intelectual ou outro, abandonaram o espírito e actuação libertárias, para se converterem em escribas e ilustradores da sociedade burguesa, tecnocrata e mercantilista, respondemos com toda a veemência: a nostalgia que nos anima é a que se dispôe a procurar no passado, os sinais para uma actuação continuada no presente e no futuro.


As condições, quer políticas, sociais, culturais e morais, que levaram alguns poetas, artistas e filósofos, a fundir um processo de reinvenção poética e uma actuação contra as desigualdades e a miséria social do homem, num movimento dialéctico de emancipação geral do Espírito visando a transformação da realidade - mudar a Vida (Rimbaud), transformar o Mundo (Marx), continuam presentes e em muitos aspectos, tenderam mesmo a agravar-se com a ascensão do neo-liberalismo e a implantação por toda a Europa e noutras partes do Mundo, das teses da globalização da economia.


À queda do estalinismo na exURSS, sucedeu-se a súbita ascensão de uma nova classe de burgueses novos ricos, suportada e financiada pelo capitalismo norte-americano e pelas grandes corporações mundiais (globalização). Ao capitalismo de estado de partido único, sucedeu-se o caos provocado por um capitalismo àvido em tirar proveito da situação de empobrecimento do proletariado russo.
Numa perspectiva libertária, e tendo em conta a necessidade dos surrealistas se posicionarem políticamente face à situação de exploração e miséria social dos trabalhadores, distanciamo-nos aqui, de todos aqueles que, embora tendo dado um contributo à expressão surrealista, nomeadamente nos domínios da intervenção plastica, poética e literária, tenderam a reduzi-lo a uma nova modernidade. Isto é, como afirmou Louis Janover, procuraram substituir uma "subversão da estética por uma estética da subversão".


Opostos a esta via redutora do Surrealismo, e sem nunca excluir, muito pelo contrário, o uso, multiplicação e aprofundamento de todos os processos e formas de expressão que contribuam para materializar os impulsões criadoras, defendemos com André Breton, uma "capacidade ilimitada de recusa", na vida como na arte -uma atitude de insubordinação permanente contra todas as regras e poderes constituídos, os quais, independentemente das ideologias e dos dogmas morais dominantes, dos partidos ou igrejas que os veiculam, procuram subjugar o Homem e subordiná-lo aos seus interesses - uma atitude de revolta contra todas as formas de exploração e alienação.


Reafirmando o primado da Poesia, o mesmo é dizer, do direito à LIBERDADE e ao AMOR TOTAIS, contra uma existência servil de submissão aos mitos glorificados, da Pátria, da Família, da Escola e do Trabalho, o Surrealismo nunca se deixou emparedar em qualquer museu, instituto ou faculdade. As suas armas são as que assentam numa forma de pensar e de agir contra todas as formas de sujeição do Espírito e subordinação do homem pelo homem, sejam económicas, sociais, politicas, religiosas ou outras.


CM

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