Saturday, November 24, 2007

NÃO SOMOS DO PC MAS SUBSCREVEMOS

Abertura da conferência nacional comunista
PCP: política do Governo é "desigual, insustentável e injusta"
24.11.2007 - 17h45 Lusa
O deputado comunista Agostinho Lopes disse hoje que a política do Governo é "desigual, insustentável e injusta", na abertura da conferência nacional do PCP, que decorre este fim-de-semana na Torre da Marinha, no Seixal.

De acordo com o deputado comunista, a desigualdade reflecte-se essencialmente na "distância entre ricos e pobres, num país que pelos critérios comunitários tem dois milhões de pobres", e na desigualdade territorial "com regiões com dinâmicas de sobrepovoamento como contraponto ao esvaimento económico e social de outras".

A insustentabilidade económica, ambiental e social decorre, para o deputado do PCP, da maximização da taxa e volume dos lucros e da "consequente anarquia imposta à localização e afectação de recursos humanos e dos investimentos".

Agostinho Lopes afirmou também que a estrutura política do Governo fomenta a injustiça social, por polarizar a riqueza produzida pela sociedade numa minoria, "enquanto falha a estratos numerosos da população com o rendimento necessário para assegurar uma vida digna".

A ruptura com as linhas orientadoras do Governo central e a sugestão de uma política económica e social alternativa foram os principais destaques da sessão de abertura da conferência nacional do PCP, que decorreu hoje.

O deputado Agostinho Lopes, da comissão política do PCP, abriu a conferência nacional, subordinada às questões económicas e sociais, sugerindo a ruptura com os "dez eixos centrais, em torno dos quais se articula de forma persistente e consistente a política de direita levada a cabo nas últimas três dezenas de anos".

Romper com o interesse pelo grande capital, com a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, com a super valorização das exportações, com políticas que atingem a soberania nacional ou com a subversão da Constituição da República foram algumas das directrizes apontadas.

"Outro rumo, nova política"

A proposta alternativa, denominada "Outro rumo, nova política" e que está a ser elaborada desde Outubro do ano passado, será aprovada pelos delegados à conferência, defendendo, em traços gerais, "uma política mista, moderna e dinâmica e uma política social que garanta a melhoria das condições de vida do povo".

O documento "Outro rumo, nova política", que será aprovado amanhã, assenta em seis linhas integradoras, que encerram as ideias-chave de uma política alternativa. O aproveitamento dos recursos naturais, dos recursos humanos, a ciência e a tecnologia, a modernização da economia e o aumento da produtividade, a criação de um núcleo de indústrias de bens e equipamento, o planeamento descentralizado e a cooperação económica internacional são os seis principais vectores elencados na proposta.

A nível económico, o principal objectivo passará pelo crescimento económico, sustentado e acima da média da União Europeia, através do combate à estagnação da economia nacional, fazendo crescer o investimento público.

Esta política denominada "Democracia avançada" pretende também devolver um vasto número de "direitos sociais fundamentais", entre os quais o direito ao trabalho, à segurança social, à saúde e habitação, à igualdade, e a defesa dos direitos das minorias, idosos, deficientes e imigrantes.

"A efectivação e aplicação universais destes direitos sociais fundamentais são um imperativo para garantir condições dignas de existência a todos os cidadãos e se alcançar uma sociedade mais justa", pode ler-se ainda no documento.

O encerramento da conferência nacional ficará a cargo do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e decorrerá amanhã de manhã.

NOITE


JÁ NÃO HÁ NOITE

Já não há noite
De meninas ao colo
Já não há noite
E a pedra bate
A cadeira bate
No batuque do rock

Já não há noite
Nem meninas bonitas
Só óculos a fumar
E bandos a entrar
De barba precoce

Já não há noite
Só putos lá fora
A charrar

Estava a contar
Que alguém viesse
E me desse uns trocos
Para desbundar.

Pátio, vc

Saturday, November 17, 2007

HOMBRE


Hugo Chávez adverte EUA sobre ataques ao Irão e Venezuela

O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, advertiu hoje os Estados Unidos sobre os riscos de ataques ao Irão e à própria Venezuela, nomeadamente a subida do preço do barril de petróleo até aos 200 dólares.

Wednesday, November 14, 2007

SAUDAÇÃO

As pessoas saúdam-me
e eu recomeço
as pessoas saúdam-me
e eu leio livros
as pessoas saúdam-me
e o rocker manda-me mensagens
as pessoas saúdam-me
e os olhos da menina brilham.

Tuesday, November 13, 2007

NIETZSCHE


"Quem é odiado pelo povo como o lobo pelos cães é o espírito livre, o inimigo das cadeias, aquele que não presta adoração e vive no meio das florestas."

"É noite: despertam os cantos dos amorosos. E a minha alma é também um canto de amor. A minha alma é uma fonte que canta."

"Que no vosso amor (mulheres) brilhe o clarão de uma estrela! Que a vossa esperança diga: que eu possa fazer nascer o super-homem."

"A tua obrigação é criar um criador."

(F. Nietzsche, "Assim Falava ZAratustra".

Monday, November 12, 2007

PSSL


DECLARAÇÃO DE AMOR À MINISTRA DA EDUCAÇÃO
(pelo José)


Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
Por todos os primeiros-ministros
E pelos segundos
E pelos terceiros

(...) quero vê-lo(s) num filme porno.

A. Pedro Ribeiro, in Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário


Afinal, o José não é o único. O A. Pedro Ribeiro também morre de amores pelo nosso primeiro, e pela nossa ministra. Como é mais puritano,
José não gostaria de os ver num filme hardcore, 1º escalão, a fazerem amor com o défice, nem como Otelo, aos tempos em que nos fora cavaleiro tauromáquico lhes projectando (a baba, a raiva, o ranho) ao Campo Pequeno. Não,
José apenas os quer na RTP Memória, ao filme em que se pensam cowboys, a preto e branco, num duelo ao amanhecer. E sob a capa de não haver mais cêntimos, José pensa que o primeiro, o segundo, mesmo os terceiros são os bons que vão promover o mérito, quando, afinal, promoverão mas toda a gerontocracia de macacos velhos, por cinzentos. E entre estes, só os piores: amigos do sistema, que ocuparam cargos de gestão - mesmo sem haverem dado aulas, e haverá sempre alguns numa Escola perto de Si -, que ocuparão claramente os lugares de supervisão, não fossem eles Super-Homens, de tanto sonharem com a (sua, não esta) reforma. Até porque são os únicos que faltando, numa turma que às vezes vão tendo,
os outros funcionários lhes não marcam falta! E este passa a ser um critério de relevar a sua omnipresença - justamente diferenciador dos Deuses e dos simples mortais.

Sunday, November 11, 2007

A VOZ DE DEUS

Regresso ao café
À turbulência das conversas
Às chávenas que tilintam
Às misses que se passeiam

Oxalá a que está a meu lado
Me dê atenção
Pelo menos foi solidária e benevolente
Com o vendedor da “Cais”

Eu não.
Já tinha gasto os trocos
No “Diário de Notícias”
E numa revista vanguardista
Chamada “Voz de Deus”

Oxalá ela me prestasse atenção
Em vez de andar entretida com o “Sudoku”

Oxalá eu deixasse de ser tímido.

Porto, Piolho, 10.10.05

Saturday, November 03, 2007


Mantenho a minha candidatura à liderança do PS (Partido Surrealista).

Eu represento a ala dos supersticiosos, crentes em makumbas e voodoo, cartas de tarot e outras coisas misticas. Levarei esta minha candidatura até ao fim, contra gregos, poetas e filhinhos do papá.

Se eu for eleito, prometo levar o PS ao poder.
A linhas principais do meu programa de governo são:

EDUCAÇÃO:
- criar uma disciplina obrigatória de ciências misticas e de energias ocultas no ensino secundário.
- criar uma universidade dedicada ao estudo das ciências misticas e energias ocultas.

SEGURANÇA:
- distribuir pela população uma cartilha de magia negra aplicada à auto-defesa.

ECONOMIA:
- reflorestar as areas ardidas com arvores onde crescem dinheiro.

AMBIENTE:
- distribuir tapetes voadores (não poluentes) à população.
- usar uma varinha mágica para fazer desaparecer lixos tóxicos (aqueles destinados à co-incenerização).

EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL:
- acabar com as reformas vitalicias dos ex-governantes e ex-deputados.

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS:
- estabelecer relações diplomáticas com o Peter Pan e com outros mundos paralelos.

CULTURA:
- criar o instituto português de ciências misticas e energias ocultas.
- promover espetaculos de magia, de circo, e os filmes do Shrek, do Raboby e do Harry Potter.

OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES:
- desenvolver um inovador sistema de tele-transporte.

Prof. Çakana Manguito

SALOON NA INSÓNIA


Segundo apontamento biobibliográfico reproduzido na sua mais recente recolha poética, A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. Pode tratar-se de falsificação biográfica, mas não deixaria de ser congruente com a atitude do autor ter este nascido na data que marca as agitações revolucionárias francesas no período do governo de Charles de Gaulle. De facto, a poesia de A. Pedro Ribeiro ecoa, desses tempos, certos gestos e atitudes que, sem grande esforço, conseguimos entrosar na encruzilhada das esferas social e política. Saloon, o seu quinto título publicado, depois de Gritos. Murmúrios (1988), À Mesa do Homem Só. Estórias (2001), Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll (2004) e Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro (2006), compõe-se de elementos onde nessa encruzilhada cabe ainda uma outra esfera, muito mais subjectiva, onde reconhecemos um erotismo de pendor lascivo e a ameaça permanente de uma loucura com contornos tão íntimos quão sociais. De resto, sendo o autor licenciado em sociologia, não admira que seja o corpo social, nomeadamente urbano, aquele que mais se reflecte nestes poemas. Saloon, como nos westerns antigos, é apenas o ponto de encontro, muitas vezes o cruzamento onde os acidentes acontecem, dessas esferas, aqui disparadas umas contra as outras, em versos que lembram a arte de grafitar. Frases curtas, incisivas, raramente dão lugar, nesta poesia, a outra coisa que não seja o grito, o berro, a vontade de partir pedra, de atirar certeiro contra uma paisagem devastadora e repugnantemente adúltera. Essa paisagem é a paisagem de um tempo, de uma sociedade, de um país, percorrido nos seus casebres de Vilar de Mouros a Braga, do Porto a Castro Daire, de Vila do conde ao Gerês, da Póvoa a Lagos. Por estes lugares, o poeta vai deixando um rastro de pó, facilmente reconhecível, aqui e acolá, nas evocações dos saloons do nosso tempo, ou seja, dos cafés e das esplanadas, mas também na invocação de personagens, que tanto podem ser o revisor da CP no poema que dá título ao livro, as mulheres que se cruzam com o salteador como a gente anónima de todos os dias: «A noite morre / Mas ainda há gente que ri / gente que se cruza e encontra e desencontra / E freaks a entoar cânticos futebolísticos» (p. 27). O Luso e o Piolho, históricos pontos de encontro na vida nocturna portuense, são apenas dois exemplos dos balcões onde foram bebidos e vomitados alguns dos versos desta colectânea de A. Pedro Ribeiro. É pois esta uma poesia nocturna, da rua, da deambulação, que não enjeita a gíria comum - «em cascos de rolha» (p. 9), «fechas-te em copas» (p. 35) – e o chavão popular - «meio mundo fode outro meio» (p. 12) – na sua réproba demanda. A ideia de poema como anátema talvez não seja descabida de todo para uma possível caracterização desta poesia, conquanto o anátema seja aqui entendido no plano de tal subjectividade que há pouco evocava. As palavras de ordem, o ímpeto político, sofrem no nosso tempo o isolamento das testemunhas. O poeta, em posição voyeurista, acaba transformando-se num mero observador, acusador, denunciante, de um mundo do qual se sente deslocado, no qual se sente desintegrado. A loucura, seja ela consequência do que for, é já solução para essa desintegração, como solução parecem ser os paraísos artificiais de que falavam Thomas de Quincey e Baudelaire. “Cicatrizar as angústias que induzem o espírito à rebelião”, parece ser também um fim último destes poemas arrumados sob o título Saloon, um título que anuncia a entrada num universo delirante, alucinatório, esquizofrénico, como era o universo dos saloons do Old West. É o nosso universo, não é outro, é o universo que todos poderão constatar caso queiram assumir os olhos do poeta, caso queriam arriscar a loucura, o delírio, que é o de estar do outro lado da barricada, do lado oposto àquele onde a esquizofrenia acontece como uma valor que se promove e dissemina sem que alguém se dê conta:

OCEANO

No café “Oceano”
os pensionistas protestam contra
os fracos aumentos das pensões
decretados pelo Governo
mas misturam o tema
com a toxicodependência
e com a pedofilia na Casa Pia

Definitivamente os pensionistas
Não constituem uma classe revolucionária.

Lagos, “Oceano”, dez. 2003.

A. Pedro Ribeiro, Saloon, Edições Mortas, 2007 (?).

in http://antologiadoesquecimento.blogspot.com

Friday, November 02, 2007

SURREALISMO


O surrealismo como arma de combate


Alfredo Mendes

"Quanto mais surreal, mais verdadeiro", eis o mote para um debate que juntou, no Café Literário da Feira, escritores da estirpe de Pedro Ribeiro, Daniel Maia-Pinto, João Gesta e João Habitualmente. Adolfo Luxúria Canibal vocalista e letrista dos Mão Morta moderou, competindo ao actor Isaque Ferreira a leitura de textos. Obscenos? Vade-retro! Antes, a jocosidade na peanha para exorcizar preconceitos.

O pretexto, disseram os intervenientes, é dar combate ao sistema. Com ironia, sarcasmo, arestas de subtileza. Numa breve incursão histórica, falou-se, inclusivamente, das cantigas de escárnio e de maldizer, com penadas de surrealismo.

Concordaram que o "terrorismo poético" denuncia a sociedade contemporânea. Vai daí, a Declaração de Amor ao primeiro-ministro, obra cujo autor pretende ver Sócrates protagonista de um filme porno. Até porque, disse outro participante , o capitalismo está em todo o lado, Lisboa, Caxinas, Vilar de Mouros, ilustrou. E também na feira do livro. A forma de derrotar o flagelo "é a via do surrealismo". O que existe, considerou-se, "não presta! É tédio, morte!".

in DN, 7.6.2006