Wednesday, February 14, 2007

ZECA AFONSO


GRÂNDOLA VIVE!

Ao meu pai, António

Por A. Pedro Ribeiro

A 23 de Fevereiro passam 20 anos sobre a morte de José Afonso. Nestes dias de tédio, de marketings, de ilusões mercantis, de fantasias e felicidades fabricadas, de carreirismos e carneirismos, de “Vampiros”, urge, mais do que nunca, celebrar o homem, o músico, o cantor, o trovador, o poeta, o revolucionário, sem cair em saudosismos estéreis.
Zeca Afonso é, será sempre, um exemplo de coragem, de combate, de integridade, de uma generosidade sem limites, de solidariedade autêntica, mas também de renovação musical e poética. Zeca amava sobretudo a liberdade e cantou a “Utopia”- não a utopia dos Céus, mas a utopia que só pode triunfar na Terra. Foi sempre fiel ao ideal igualitário e libertário, “à cidade sem ameias” mas teve sempre a nobreza de carácter (e a humildade, talvez até excessiva, desarmante por ser absolutamente sincera) de nunca se afirmar um qualquer detentor da verdade e da virtude, como fazem certos moralistas/ evangelistas de esquerda ou outros oportunistas que se aproveitam de certas figuras como Zeca, como Ernesto Che Guevara, como Karl Marx para sacar o voto ou para subirem na hierarquia partidária. Zeca Afonso estava para lá de toda essa mesquinhez, de toda essa pequenez. Apoiou Otelo Saraiva de Carvalho, Maria de Lurdes Pintasilgo mas nunca nunca se converteu aos espartilhos partidários. Zeca Afonso foi um puro, como dizia o meu pai. Como ele houve poucos na História. “Grândola” vencerá!

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